Taxa Selic: o que é, como funciona e os impactos no mercado imobiliário

Taxa Selic: o que é, como funciona e os impactos no mercado imobiliário
Vince

Por Vince

13 agosto 2020

A economia nacional tem termos e mecanismos que podem passar despercebidos pela maioria da população. Entretanto, eles exercem grande influência sobre diversas decisões financeiras e situações econômicas que envolvem os brasileiros, nos mais diversos setores.

É o caso da taxa Selic. Ela está envolvida, por exemplo, com a caderneta de poupança, os juros pagos em empréstimos e financiamentos bancários, diversos investimentos do mercado financeiro e também com o preço dos imóveis.

Sem dúvida, conhecê-la é muito importante, certo? Por isso, preparamos um conteúdo especial sobre o tema para que você saiba avaliar melhor o impacto dela no seu cotidiano!

O que é a taxa Selic?

De forma simples, podemos dizer que a taxa Selic é considerada a taxa básica de juros da economia nacional. No Brasil, há todo um sistema de suporte à economia com órgãos fundamentais, como o Banco Central do Brasil (BACEN) e seu Comitê de Política Monetária (COPOM).

Um dos objetivos do sistema é organizar as medidas econômicas e ajudar na estabilidade e no crescimento financeiro do país. A taxa Selic é uma das ferramentas utilizadas, pois determina uma taxa padrão de juros que influencia todos os setores do país.

Isso não significa que os bancos, por exemplo, aplicarão juros exatamente iguais aos da taxa Selic em seus empréstimos e financiamentos para clientes, como no financiamento imobiliário. Entretanto, há uma tendência de aumento ou queda das taxas de acordo com as decisões do COPOM.

Assim, é esperado que em um cenário de Selic alta, outros índices econômicos também aumentem, inclusive o valor dos juros praticados pelos bancos. No contexto contrário, a Selic diminui e influencia também as demais taxas do mercado.

Como ela funciona?

Selic é uma abreviação do termo Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Trata-se de um sistema utilizado pelo BACEN para registrar todas as negociações que acontecem por meio de títulos do Tesouro Nacional.

As operações interbancárias têm muita participação nela porque, no Brasil, existe uma regra de que os bancos devem fechar o caixa, diariamente, com um valor mínimo positivo. A medida visa controlar o dinheiro em circulação e evitar aumento da inflação, assim como garantir a segurança do sistema financeiro.

Quando um banco não tem condições internas de fechar o caixa diário conforme as regras, ele pode solicitar empréstimos com duração de um dia para outras instituições bancárias. A garantia utilizada nas operações são os títulos públicos.

Então, as movimentações ficam registradas no sistema Selic, de modo que o Governo Federal possa controlar a emissão, a compra e a venda dos títulos. Daí surge a taxa Selic, que reflete as operações.

É importante diferenciarmos dois conceitos relacionados: a taxa Selic Over e a taxa Selic Meta. A primeira refere-se à taxa real do mercado, calculada com base na média ponderada das transações que acontecem com os títulos públicos. Ela é definida diariamente, de acordo com os cálculos. 

Já a taxa Selic Meta, como o nome indica, diz respeito a uma meta estabelecida pela política monetária nacional. Ela é determinada de acordo com diversos elementos (como inflação, câmbio, expectativas econômicas) e reflete o direcionamento que o Governo Federal deseja dar para a economia.

Quem define a taxa Selic?

Agora você sabe o que é o sistema Selic, conheceu detalhes da taxa Selic e viu que existem dois tipos dela. De modo geral, quando se fala no assunto, normalmente a referência é a taxa Meta, que representa aquela que será buscada pelo Governo.

A taxa Selic Meta é definida pelo COPOM em reuniões que acontecem a cada 45 dias. A taxa Over pode ficar um pouco acima ou abaixo dela a cada dia, já que sofre oscilações de acordo com as operações realizadas no mercado.

Contudo, o objetivo é sempre que a taxa se aproxime da meta estabelecida pelo Banco Central. Para isso, ele pode atuar na compra e venda de títulos públicos de modo a interferir no mercado e  aproximar-se da nova taxa desejada.

O COPOM reúne-se oito vezes a cada ano para definir a taxa Selic. A depender das análises feitas e dos objetivos para a política monetária nacional, a taxa se mantém a mesma da última reunião, é cortada ou sofre um aumento.

Quanto está a taxa Selic hoje?

Recentemente, o COPOM decidiu elevar a Taxa Selic pela primeira vez em seis anos, para 2,75%.

Como ela pode mudar a cada 45 dias, é importante que os interessados em analisar a Selic acompanhem as decisões do COPOM para saber o valor definido a cada período. Assim, é possível se manter atualizado, especialmente se você pretende realizar uma operação diretamente relacionada à taxa, como um financiamento imobiliário.

Confira a seguir os valores da taxa Selic em 2024:

Mês Valor da taxa
Janeiro/20240,97%
Fevereiro/20240,80%
Março/2024
Abril/2024
Maio/2024
Junho/2024
Julho/2024
Agosto/2024
Setembro/2024
Outubro/2024
Novembro/2024
Dezembro/2024

Nos últimos anos, a taxa Selic foi sendo cortada gradativamente pelo COPOM e, em 2020, ela esteve em sua mínima histórica. Para que você possa ver as movimentações, confira a tabela abaixo que mostra os valores mensais da taxa desde 2013 até 2023.

Confira o histórico da taxa Selic na tabela abaixo.

Mês/Ano20132014201520162017201820192020202120222023
Janeiro0,60%0,85%0,94%1,06%1,09%0,58%0,54%0,38%0,15%0,73%1,12%
Fevereiro0,49%0,79%0,82%1,00%0,87%0,47%0,49%0,29%0,13%0,76%0,92%
Março0,55%0,77%1,04%1,16%1,05%0,53%0,47%0,34%0,20%0,93%1,17%
Abril0,61%0,82%0,95%1,06%0,79%0,52%0,52%0,28%0,21%0,83%0,92%
Maio0,60%0,87%0,99%1,11%0,93%0,52%0,54%0,24%0,27%1,03%1,12%
Junho0,61%0,82%1,07%1,16%0,81%0,52%0,47%0,21%0,31%1,02%1,07%
Julho0,72%0,95%1,18%1,11%0,80%0,54%0,57%0,19%0,36%1,03%1,07%
Agosto0,71%0,87%1,11%1,22%0,80%0,57%0,50%0,16%0,43%1,17%1,14%
Setembro0,71%0,91%1,11%1,11%0,64%0,47%0,46%0,16%0,44%1,07%0,97%
Outubro0,81%0,95%1,11%1,05%0,64%0,54%0,48%0,16%0,49%1,02%1,00%
Novembro0,72%0,84%1,06%1,04%0,57%0,49%0,38%0,15%0,59%1,02%0,92%
Dezembro0,79%0,96%1,16%1,12%0,54%0,49%0,37%0,16%0,77%1,12%0,89%

Como você pode ver pelos números, tivemos um período de alta entre os anos de 2015 e 2017. Desde então, o índice vem caindo. A tabela, assim como mais informações sobre o assunto, pode ser acessada no site da Receita Federal.

Para que serve a taxa Selic?

A real utilidade da taxa Selic é uma dúvida muito comum para quem começa a entender mais sobre o tema. Como falamos, ela tem papel central na política econômica do governo brasileiro, tendo se tornado, por exemplo, a principal ferramenta para controle da inflação.

A seguir, veja em detalhes algumas das maiores funções da taxa Selic no Brasil:

Controle da inflação 

Quando existe o problema da alta inflação no país, é comum que haja um aumento da Selic pelo COPOM. A decisão deve-se ao fato de que o aumento dos juros diminui o consumo e faz com que mais pessoas optem por deixar suas reservas investidas.

Com o movimento de diminuição do ritmo da demanda no comércio e na indústria, é esperado que os preços diminuam, o que faz com que a inflação seja reduzida. Em épocas de inflação controlada, a Selic pode ser reduzida sem causar grandes impactos nos preços.

Gestão da estabilidade econômica

Por ser uma instituição central e responsável por arrecadar e administrar os impostos pagos por toda a população — além de regulamentar o sistema bancário —, o Governo Federal tem um papel muito importante na estabilidade econômica do país.

Para contribuir com isso, ele tem uma série de medidas e recursos que acompanham as movimentações do mercado a reagem a elas, influenciando sua continuidade. A definição da taxa Selic é uma delas, já que causa impacto nos bancos e, consequentemente, em toda a sociedade.

Estímulo à economia

Uma das maneiras de contribuir com a estabilidade econômica é estimulando a economia nacional. Mas como fazer isso a partir da taxa Selic? A lógica é a seguinte: taxas de juros menores possibilitam acesso mais fácil ao crédito.

Assim, mais pessoas passam a consumir, a investir na economia – comprando imóveis, por exemplo – e também a empreender. A economia se aquece, e o país pode obter mais crescimento. Logo, em cenários apropriados (com inflação controlada, por exemplo), a redução da Selic funciona como um estímulo econômico.

Criação de emprego

Em consequência do que citamos sobre o aquecimento da economia, é possível ver que o manejo da taxa Selic pelo Banco Central pode atuar na criação de empregos no Brasil. Com a redução da taxa e o consequente aumento do consumo, as empresas se desenvolvem.

Vamos pensar no mercado imobiliário como exemplo. Se os juros estão mais baixos, as construtoras conseguem crédito mais barato para ampliar seus negócios, aliado ao fato de que os consumidores também pagam menos em seus financiamentos.

Então, é esperado que o mercado de imóveis se aqueça, que haja maior número de obras e, claro, geração de emprego na área de construção. Algo semelhante acontece nos demais setores econômicos, como indústrias de diversos tipos.

Como a Selic impacta investimentos?

Acabamos de falar sobre a relação da taxa Selic com a economia de modo geral. Sabemos também que ela tem influência direta nos investimentos, sejam eles feitos no mercado financeiro ou no empreendedorismo.

No mercado financeiro, o impacto imediato será, sem dúvida, nos títulos públicos que têm a Selic como taxa básica. O rendimento deles reflete diretamente a taxa definida pelo COPOM. Logo, os juros recebidos variam de acordo com o aumento ou a redução do índice.

Os demais investimentos de renda fixa também sofrem influência da Selic, pois eles costumam render de acordo com índices que têm alguma relação com ela, como é o caso do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e do IPCA (índice de inflação).

A poupança é mais uma que tem influência direta da Selic, pois sua forma de rentabilidade depende da taxa. Se a Selic estiver maior do que 8,5% ao ano, a caderneta rende 0,5% ao mês + Taxa Referencial.

Em cenários de Selic menor que 8,5%, o rendimento da poupança é 70% da Selic + Taxa Referencial. Além do que citamos até aqui, os títulos pré-fixados também terão suas taxas oferecidas baseadas no aumento ou na redução da Selic, de modo a seguir as características do mercado. 

Como você pode ver, os ativos da renda fixa têm uma relação direta com a Selic. Já na renda variável, geralmente a reação é inversa: a Selic em baixa costuma tornar a bolsa de valores mais vantajosa por causa do aquecimento da economia.

Qual é o papel dela no mercado imobiliário?

A taxa Selic também tem impacto relevante no mercado imobiliário, tanto na área de investimento quanto na da compra de imóveis. Então, quem deseja adquirir uma residência ou investir no setor deve ficar atento.

Veja mais detalhes sobre a relação entre a Selic e o mercado de imóveis:

Taxa de juros em financiamentos

Um dos impactos mais percebidos quando se fala no assunto é, com certeza, a taxa de juros praticada nos financiamentos imobiliários. Como mostramos, os juros cobrados pelos bancos costumam ser maiores quando a Selic está em alta e menores quando ela está em baixa.

Assim, em cenários de aumento da taxa de juros, há uma dificuldade maior para adquirir imóveis, já que o valor final do financiamento torna-se mais caro. Por outro lado, quando a taxa de juros diminui, mais pessoas conseguem solicitar crédito aos bancos para comprar casas e apartamentos.

Preço final dos imóveis

Não é apenas o valor pago em juros para os bancos que varia conforme a Selic. O preço dos imóveis também pode ser diferente a depender da taxa definida pelo COPOM. Isso mesmo. Você pode encontrar imóveis mais caros ou mais baratos de acordo com a taxa Selic.

A explicação parte, mais uma vez, da ideia de oferta e demanda, relacionada ao aquecimento da economia. Geralmente, quando as taxas de juros estão altas, não há tanta procura por imóveis, fazendo com que haja também menor oferta.

Com a economia aquecida, o movimento costuma ser o oposto. Mais construtoras entregando empreendimentos e mais pessoas obtendo crédito e adquirindo imóveis. Então, a relação entre oferta e demanda nos dois cenários pode explicar o aumento e a diminuição dos preços.

Possibilidades de investimentos

A taxa Selic é especialmente importante para quem deseja investir em imóveis. Fique atento ao fato de que o aquecimento da economia no setor imobiliário tem tudo a ver com os ganhos que você pode obter ao investir.

Se o crédito está dificultado e menos pessoas estão comprando ou alugando, pode ser mais difícil manter seus lucros, já que a busca diminui e a vacância corre o risco de aumentar. Por outro lado, a economia crescendo gera novas possibilidades para investidores do setor.

Portanto, vale a pena ficar atento às oportunidades de investimento que o mercado imobiliário pode oferecer neste momento.

Neste post, você aprendeu bastante sobre a taxa Selic. Viu como ela influencia não apenas o mercado imobiliário, mas outros investimentos do setor financeiro, e a sua vida de maneira geral, não é mesmo? 

Sem dúvida, é importante conhecer o assunto e avaliar eventuais oportunidades que a movimentação da Selic pode trazer ao seu dia a dia.Então, que tal aproveitar a redução da taxa nos últimos anos para adquirir seu imóvel ou investir neste setor? Veja como funcionam os investimentos imobiliários!

Gostou do conteúdo? Quer conhecer outros índices e taxas importantes para a economia nacional? Então não deixe de conferir:

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