Casa da Música – Que prédio é esse?
Por Beatriz Dilascio
14 março 2023
A Casa da Música é o principal local destinado a concertos da cidade de Porto, em Portugal, sendo a sede da Orquestra Sinfônica do Porto, a orquestra mais antiga do país.
Seu surgimento ocorreu a partir de um projeto chamado Porto 2001, que tinha como objetivo levar mais opções culturais e artísticas para a cidade de Porto. Hoje o edifício é um ícone da arquitetura contemporânea e conta com uma agenda sempre cheia de programações para todos os públicos.
Confira, a seguir, como ocorreu o surgimento da Casa da Música, como foi pensado o projeto do edifício, curiosidades sobre o arquiteto que o projetou e mais!
A história por trás da Casa da Música
Tudo começa em 1998, quando foram escolhidas as cidades de Porto e de Roterdão para serem as Capitais Europeias da Cultura para 2001. Com isso, houve um processo de gestão de meios, criação de programas artísticos, sociais e educativos para a então nomeada Porto 2001.
Entre as iniciativas pensadas para esse projeto, surge a ideia da Casa da Música, um edifício com características únicas e diferenciadas, pensado para que a música tivesse uma residência própria.
Primeiramente, foi escolhido o terreno que iria abrigar a Casa da Música, porém houve alguns empecilhos no caminho. Isso porque, para que o edifício pudesse ser construído no local, seria necessária a demolição da Estação Terminal dos Eléctricos do Porto.
Outras hipóteses foram criadas para a demolição não ser necessária, porém a localização desse terreno conseguiria imprimir uma dinâmica de renovação necessária para a Praça Mouzinho de Albuquerque, que fica bem ao lado do terreno.
Além disso, a antiga Estação Terminal dos Eléctricos de Porto estava em um estado de degradação e, comparado com a proposta do novo edifício que iria surgir, o valor histórico-patrimonial da estação foi considerado menor. Com isso, optou-se pelo terreno.
O Concurso de Arquitetura
Em 1999, foi iniciado o Concurso de Arquitetura para o projeto da Casa da Música. Para limitar as candidaturas aos profissionais que já tivessem experiência em projetos com a função e a magnitude desejada para esse projeto, enviaram convites direto para os melhores do meio.
Entre os profissionais convidados estavam: Zaha Hadid, Peter Zumthor, Norman Foster, Álvaro Siza Vieira, Rem Koolhaas, Pierre de Meuron, entre outros nomes importantes da arquitetura.
O concurso teria duração de seis meses, e por ser um curto espaço de tempo para um projeto tão grandioso, alguns dos arquitetos convidados desistiram e apenas sete deles foram para a segunda fase.
No final, o projeto escolhido foi o do arquiteto Rem Koolhaas, pois permitia uma adaptação dos espaços internos e externos do edifício, além de contar com a utilização de materiais de fácil manutenção e uma forma singular, que o transformaria em um ícone e ponto de referência na cidade, exatamente o que os idealizadores queriam.
O Projeto da Casa da Música por Koolhaas
Para o projeto, o arquiteto Rem Koolhaas teve como inspiração a casa Y2K, uma criação do seu escritório de arquitetura OMA. Ele transformou, moldou e expandiu esse projeto, adaptando-o para uma escala e um programa totalmente diferente para que fizesse sentido em sua criação.
O projeto da Casa da Música tem como principal característica a continuidade visual estabelecida entre o interior e o exterior do edifício. Os espaços internos provocam uma sensação de caixinha de surpresas do começo ao fim da visitação.
O edifício é feito de concreto branco com alguns recortes retos e cortinas de vidro. Enquanto pode parecer simples esteticamente, ele se destaca em meio ao recorte urbano da cidade de Porto.
Em seu interior, encontram-se: um grande auditório que comporta 1300 lugares, um local menor destinado a performances, dez salas de ensaio, estúdios de gravação, área educacional, bem como um restaurante, alguns bares, uma sala VIP e áreas destinadas à administração da Casa da Música.
Além disso, o estacionamento foi construído na parte subterrânea do edifício e contém 600 vagas para veículos.
Acima de tudo, os materiais foram utilizados de maneira inovadora, com as cortinas de vidro nas extremidades do Grande Auditório, as paredes revestidas de madeira compensada, os azulejos da área VIP que foram todos pintados à mão e os azulejos branco e preto do terraço dispostos com padrão geométrico, além dos pisos pavimentados em alumínio das áreas públicas.
Os espaços do edifício
Os espaços internos do edifício foram pensados para conseguirem se relacionar com o exterior de maneira visual. Dessa forma, os visitantes sempre terão a visão do meio ambiente mesmo estando na parte interna. As aberturas do edifício possibilitam a visão da cidade, do céu e do mar.
O formato da obra foi resultado da definição dos dois auditórios maiores, isso porque o formato de “caixa de sapato” que eles possuem foi o melhor para a resolução acústica de ambos. Após optarem por esse formato retangular para os dois auditórios, o restante do programa que iria compor o edifício foi sendo moldado.
Diferentemente dos demais centros culturais, a Casa da Música não possui um foyer (saguão) ou hall de entrada para as pessoas terem um primeiro espaço de convívio e espera. Em vez do convencional, logo ao entrar no edifício, você já encontra uma sucessão de espaços.
Para realizar o percurso pelo edifício, você acaba se deparando com espaços incertos, em alguns momentos verá: escadarias que aparecem do nada, túneis estreitos, corredores que terminam em paredes, podendo até se perder vendo que está em outro espaço completamente diferente.
Rem Koolhaas, o arquiteto
O arquiteto responsável pelo projeto nasceu na Holanda em 1944 e se tornou um ícone da arquitetura contemporânea, que já ganhou prêmios importantes como o Prêmio Pritzker e o Prêmio de Arquitetura da União Europeia Mies van der Rohe.
No ano de 1975, o arquiteto criou o seu escritório de arquitetura chamado Office for Metropolitan Architecture (OMA), o qual apresentou o projeto vencedor do concurso para a Casa da Música do Porto.
Contudo, esse projeto o atribuiu mais um prêmio do Instituto Real dos Arquitetos Britânicos por ser classificada como um projeto intrigante, inquietante e dinâmico.
Visitas guiadas
Para os visitantes da Casa da Música, o espaço conta com a opção de visita guiada. Liderada por uma equipe composta por guias especializados que levam os visitantes a lugares interessantes, conhecendo suas funcionalidades e ainda vendo o edifício com um novo olhar e uma nova perspectiva.
As visitas guiadas ocorrem de segunda-feira a sexta-feira, em dois horários, às 11h com visita feita em português e às 16h com visita feita em português e inglês. Aos fins de semana e nos feriados, os horários são os mesmos, todavia as duas visitas são feitas tanto em português quanto em inglês.
O número máximo de pessoas por visita é de 35 pessoas. Por isso o mais indicado é marcar a sua visita à Casa da Música com antecedência para garantir o seu lugar na visitação.
Caso opte por fazer a visita sem marcar com antecedência, ela terá um valor de 12 euros. Contudo, se você marcar com antecedência o custo é de apenas 7,5 euros por pessoa, e crianças com até 12 anos não pagam.
Visite a Casa da Música
A Casa da Música fica localizada na Avenida da Boavista, n° 604-610, em uma região muito movimentada da cidade de Porto.
O local abre de segunda a sábado, das 9h30 às 19h, e aos domingos e feriados das 9h30 às 18h. Você pode aproveitar a visita e o restaurante que fica dentro do edifício. Ele fica aberto de segunda-feira a quinta-feira até 23h, e às sextas-feiras e sábados até 00h.
Como chegar
A melhor opção para ir até a Casa da Música é o transporte público. Se você optar pelo metrô, pode utilizar as linhas A, B, C, E e F, mas caso prefira ir de ônibus (STCP), as linhas que passam pelo local são: 201, 202, 203, 204, 208, 209, 303, 402, 501, 502, 503, 504, 507, 601, 803, 902 e 903.
Ingressos
O valor dos ingressos depende do espetáculo que você deseja assistir. Porém, a Casa da Música dá bons descontos para alguns grupos, são eles:
- Pessoas com 30 anos ou menos possuem 50% de desconto no valor do ingresso, assim como estudantes e professores de música;
- Pessoas com 65 anos ou mais garantem 15% de desconto no valor do ingresso;
- Quem possui cartão BPI tem direito a 20% de desconto;
- Para quem possui o cartão amigo, tem desconto de 25% em concertos promovidos pela Casa da Música.
Antes de tudo, vale lembrar que todos esses descontos só são válidos em concertos que possuem um valor de 10 euros ou mais, caso o valor cobrado pelo concerto seja menor, o desconto é inválido.
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