Prédio da Fiesp – Que prédio é esse?
Por Vince
18 dezembro 2015
O prédio da Fiesp foi construído em uma época muito inspiradora para a Avenida Paulista, afinal a região tinha acabado de ser presenteada com o MASP, que é um verdadeiro cartão postal para a região.
Fruto de um concurso nos anos 70, o edifício foi escolhido como o projeto mais inovador, capaz de reunir características expressivas que o tornam uma referência em meio às construções existentes na Avenida.
Desde a sua inauguração, portanto, o icônico prédio da Fiesp é uma atração para quem passa pela região.
História do prédio da Fiesp
Nomeado como Edifício Luís Eulálio de Bueno Vidigal Filho em homenagem ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a construção é conhecida popularmente como prédio da Fiesp.
Além de abrigar a própria Fiesp, há sedes de diversos sindicatos e organizações que ocupam os andares do edifício, por exemplo: CIESP, SESI-SP, SENAI-SP e Instituto Roberto Simonsen.
Localizado em um dos mais importantes centros financeiros da cidade de São Paulo, a construção é bastante significativa. No entanto, esse não é o primeiro edifício a deixar a sua marca registrada nesse terreno. A história do atual número 1313 tem início décadas atrás.
Palacete Fuad Salem
Anos antes da construção do prédio atual, o terreno abrigou o Palacete Fuad Salem, uma luxuosa residência que possuía cerca de 20 cômodos. Construído na década de 1920, o Palacete pertencia a Nagib Salem, sua esposa e filhos, sendo desenhado para oferecer conforto e, ao mesmo tempo, refletir o poder econômico da família.
A fachada decorada por ornamentos era completada por amplas varandas e um mirante no topo da construção, oferecendo belas vistas para a paisagem. Da mesma forma, o cuidado com os detalhes era evidente na área externa do Palacete, composta por um belo jardim com pergolado.
O seu interior contava com materiais importados de países como Alemanha, Portugal e Inglaterra, configurando cômodos com sofisticada decoração temática. Além disso, o pé-direito ampliado reforçava ainda mais a atmosfera luxuosa.
Dos vitrais de cristal belga ao gesso com acabamentos em ouro, cada detalhe garante identidade única à residência.
O casarão foi o lar de algumas gerações da família Salem até ser vendido para a Fiesp no ano de 1970.
Concurso para o prédio da Fiesp
Após adquirir o terreno, a instituição abriu um concurso para o projeto da nova sede. A ideia do concurso era produzir um edifício para abrigar sindicatos e associações da indústria, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e, ao mesmo tempo, criar uma arquitetura marcante para a paisagem.
Em 1979, o prédio da Fiesp foi inaugurado e, sem dúvida, o objetivo se cumpriu. Quem passa pela Avenida Paulista dificilmente deixa de notar a construção, uma vez que possui formato totalmente diferente dos outros edifícios.
O escritório Rino Levi Arquitetos Associados, autor do projeto e vencedor do concurso, seguiu a tendência de verticalização da região, acrescentando, no entanto, elementos marcantes para a paisagem.
Apesar dos pedidos feitos à prefeitura com o intuito de preservar partes do Palacete Fuad Salem, o histórico edifício foi totalmente demolido.
Arquitetura marcante do prédio da Fiesp
A forma do prédio da Fiesp lembra uma pirâmide, o que, em contraste com as construções lineares do entorno, chama a atenção do olhar. Além disso, a construção avança em direção à rua e ultrapassa o alinhamento das outras fachadas, rompendo com o desenho regular dos outros edifícios.
Como resultado do estilo de projetar do escritório de Rino Levi, o edifício principal possui traços da arquitetura moderna, que, além de prezar por formas simples, valoriza os materiais. Desse modo, o concreto aparece em sua forma natural, bem como a tela de aço que reveste as faces voltadas para a rua.
A progressão de andares, que afunila em direção ao céu, é também uma estratégia que amplia a entrada de iluminação natural em todos os andares.
Entre a Avenida Paulista e a Alameda Santos, rua paralela, há uma grande diferença de nível, aproveitado com quatro níveis de garagem. Além dos níveis de subsolo, o edifício conta com pavimentos térreos e 16 andares.
Reformulação do prédio da Fiesp
Em 1998, o prédio passou por uma reformulação, conferindo nova estrutura ao piso térreo. A assinatura dessa segunda fase do projeto é de Paulo Mendes da Rocha. Além de importante arquiteto para o período modernista, é autor de inúmeras obras na cidade de São Paulo.
Um dos marcos dessa intervenção está no acesso principal do prédio, voltado para a Avenida Paulista. Para conectar o edifício e a rua, o arquiteto recuou a laje inferior, onde hoje está situado o Centro Cultural Fiesp, tornando a relação entre os espaços mais fluida.
Como resultado da primeira reformulação do edifício, há um grande espaço livre que se abre para a avenida, convidando os pedestres a explorar o edifício. Essa configuração de espaço chama-se térreo livre, uma característica bastante presente nos projetos modernistas.
Mosaico de Roberto Burle Marx
O prédio da Fiesp conta não apenas com o bloco principal, visto a partir da Avenida Paulista. Percorrendo a Alameda Santos, via paralela, é possível observar o complemento da estrutura, o qual possui um grande mosaico em alto relevo.
Finalizada em 1994, a arte esculpida em concreto é de autoria de Roberto Burle Marx em parceria com Haruyoshi Ono. São 515 m² que acompanham a rua de tal forma que resulta em um impactante painel a céu aberto.
A obra possui 19,72 metros de largura por 26,15 de altura e impressiona não apenas por sua dimensão, mas também pela força da composição. Há desenhos abstratos que variam de profundidade,
Galeria digital na fachada da Fiesp
O prédio da Fiesp se reinventa a cada época, tanto que, em seu último processo de modernização, a fachada recebeu uma galeria digital.
Inaugurada em dezembro de 2012, a tempo de iluminar o Natal da cidade naquele ano, a galeria se estende por três faces do bloco e configura um painel eletrônico com mais de 100 mil lâmpadas de led.
Além de mostras artísticas e homenagens projetadas no painel, a fachada do edifício já recebeu diversas imagens interativas nas quais os pedestres podem interagir, projetando diferentes padrões.
Hoje já existem outros excelentes exemplos como o WZ Hotel, na Rebouças, que muda de cor de acordo com a qualidade do ar e a intensidade dos sons. Mas, na época em que se inaugurou a galeria digital da Fiesp, pouco se falava em fachadas interativas no Brasil, fazendo com que essa se tornasse uma grande novidade para São Paulo.
De modo geral, os vídeos e as intervenções artísticas são exibidos até as 22h na fachada do edifício e, quando ininterruptas, ficam no ar até as 6h.
Centro Cultural Fiesp
O projeto incluiu quatro andares para garagem e o Centro Cultural Fiesp, composto pela Galeria de Arte do Sesi-SP, o Teatro do Sesi-SP e o Espaço Mezanino. Como resultado, os ambientes oferecem uma intensa e diversificada programação cultural.
Os espaços do Centro Cultural Fiesp possuem ampla agenda de eventos que vale a pena conhecer! Composta por espetáculos teatrais, de dança, shows, exibições de cinema, exposições de caráter multimídia e mais, o edifício possui inúmeras opções de entretenimento para os dias e as noites da capital paulista.
Por ser tão diferente dos outros, o prédio da Fiesp causa surpresa a quem percorre a Avenida Paulista, de maneira que é quase impossível passar indiferente pela construção. Essa obra é, portanto, um belo exemplo de projeto que articula a funcionalidade e as artes visuais, sempre com grande preocupação urbana.
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