Peter Zumthor – Biografia e obras
Por Giovana Costa
27 setembro 2021
Peter Zumthor é um arquiteto suíço reconhecido como um dos profissionais mais renomados da contemporaneidade, com uma trajetória marcada por feitos poéticos e atemporais.
Suas obras refletem o minimalismo, a experimentação dos espaços, a relação entre a estrutura e as paisagens e as composições criadas a partir da luz, das cores e das texturas.
Um dos pontos mais marcantes de seus trabalhos é o foco nas experiências multissensoriais. Portanto, a partir delas, o público pode presenciar, por meio dos ambientes criados em seus projetos.
Confira a seguir sua história e principais obras.
Os aprendizados de Peter Zumthor
Peter Zumthor nasceu no dia 26 de abril de 1943, em Basiléia. Trata-se de uma cidade localizada no rio Reno, próxima das fronteiras da Suíça com a França e a Alemanha.
A marcenaria tem uma forte influência em sua vida, pois foi a partir da experiência familiar que ele obteve seu primeiro contato com os materiais e o fazer artesanal.
Seus estudos tiveram início em 1963, quando começou a aprender sobre Artes Aplicadas na Schule Für Gestaltung Basel, que na época também tinha influências da Escola de Bauhaus.
A partir de 1966, Zumthor passou a estudar arquitetura e design industrial no Pratt Institute, em Nova Iorque, durante um intercâmbio. Neste período, estudou sobre observação e sua relação com os espaços.
Ou seja, neste momento, ele também passou a herdar suas primeiras influências a partir do início de seus próprios trabalhos no final da década de 1960, quando os espaços urbanos passaram a receber mais destaque nos estudos.
Em 1968, trabalhou como analista de arquitetura e consultor de construção e planejamento para o Departamento de Manutenção e Preservação de Monumentos na empresa suíça Canton de Graubünden.
Além disso, Zumthor foi responsável por lecionar em importantes instituições, como:
- University of Zurich (UZH), em Zurique, Suíça, em 1978;
- Southern California Institute of Architecture (SCI-Arc), em Los Angeles, nos Estados Unidos, em 1988;
- Technische Universität München (TUM), em Munique, Alemanha, em 1989;
- Tulane University, em Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 1992;
- Academia de Arquitetura de Mendrisio da Università della Svizzera Italiana (USI), em Lugano, Suíça, em 1996.
O início da atividade profissional do arquiteto
A partir de 1979, o arquiteto começou a realizar seus trabalhos de maneira mais independente. Então, em 1985, ele fundou seu próprio escritório, na cidade de Haldenstein, na Suíça.
Neste período, Zumthor foi estabelecendo seu estilo e desenvolvendo sua própria linguagem dentro da arquitetura, tendo seu trabalho reconhecido de diversas formas.
Sendo assim, com uma abordagem baseada no estudo das técnicas, os materiais com foco no contexto da paisagem, o arquiteto utiliza a sinestesia e procura incorporá-la na estrutura das edificações.
Esta preocupação com as sensações que seus projetos podem propiciar revela seu objetivo de projetar edifícios que realmente envolvem a história local e abarcam toda a experiência de quem passa por eles.
A partir dos anos 1990, o artista foi nomeado membro da Academia de Artes de Berlim, na Alemanha, em 1994, além de também tornar-se membro honorário da Associação Alemã de Arquitetos, em 1996.
O reconhecimento de Peter Zumthor
Em 1998, o arquiteto ganhou o Prêmio Carlsberg de arquitetura. E, em seguida, também levou o Prêmio de Arquitetura Contemporânea Mies van der Rohe, que é considerada a honraria mais importante da arquitetura europeia, por meio do projeto desenvolvido para o Museu de Arte de Bregenz, na Áustria, em 1990.
Zumthor recebeu a Medalha da Fundação Thomas Jefferson em Arquitetura, em 2006, na Universidade de Virgínia. E, no mesmo ano, também foi premiado com o Spirit of Nature Wood Architecture Award, da instituição Wood in Culture Association, na Finlândia, entre outros prêmios.
Em 2009, o arquiteto recebeu o prêmio Pritzker, considerado o mais importante da arquitetura. Ao recebê-lo, Zumthor lembrou a importância da funcionalidade nos projetos, durante seu discurso de agradecimento.
“Todos os prédios de Peter Zumthor têm uma presença forte e atemporal. Ele possui um raro talento para combinar um pensamento claro e rigoroso com uma dimensão poética, o que resulta em trabalhos que nunca terminam de nos inspirar”, afirmou Thomas J. Pritzker, presidente da fundação Hyatt Foundation, que realiza a entrega da premiação.
Dos feitos mais recentes de Zumthor
Já em 2013, o arquiteto recebeu a medalha de ouro do prêmio RIBA, durante a cerimônia no Royal Institute of British Architects, em Londres, como uma honraria pela sua influência na arquitetura.
“A obra de Peter Zumthor renova a relação com a tradição da arquitetura moderna, enfatiza o sentido de sua localização, a comunidade e o material. Seus escritos se concentram na experiência de projetar, construir e habitar, enquanto suas obras estão comprometidas com a história da arquitetura…”, declarou a presidente da RIBA, Angela Brady, durante a entrega da medalha.
Por meio do legado que construiu durante todos os anos de atuação, o profissional coleciona importantes títulos na sua trajetória.
Obras de Peter Zumthor
Uma das estratégias do arquiteto durante a execução de seu trabalho é estar envolvido com todos os elementos que envolvem o planejamento e a construção, sobretudo devido à sua preocupação em dar a devida atenção ao local e aos materiais.
Zumthor cria obras marcadas por uma linguagem poética, sensível e simples, com elementos geométricos e materiais selecionados, dando destaque à iluminação natural, às cores e às texturas, com foco na experiência sensorial.
Confira a seguir algumas das obras mais emblemáticas do artista.
Capela de São Benedito
A Capela de São Benedito foi construída na cidade de Sumvitg, na Suíça, entre 1987 e 1989, após uma avalanche que destruiu a capela inicial que estava situada na pequena aldeia de Sogn Benedetg, em 1984.
Zumthor foi chamado para fazer uma versão contemporânea da capela. Para isto, utilizou técnicas modernas, projetando uma forma específica para a planta baixa, em formato de lágrima.
Ao passo que agregou um toque moderno ao projeto, o arquiteto se preocupou em respeitar a cultura e os valores da comunidade. Ou seja, agregando também materiais específicos que se referiam ao local, como telhas de madeira muito similares às utilizadas nas casas da região, fez a diferença.
Museu de Arte de Bregenz
No projeto do Museu de Arte de Bregenz, na década de 1990, localizado na Áustria, Peter Zumthor optou por erguer o museu sobre pilares, em referência às antigas construções da região, próximas ao lago de Constância.
Reconhecido por meio do Prêmio de Arquitetura Contemporânea Mies van der Rohe, na premiação de 1990, o museu conta com uma estrutura de concreto coberta por uma película de vidro com textura, composta por placas de vidro, dando destaque aos efeitos da incidência da luz na fachada da obra.
O projeto chama atenção por seu diálogo com a arte contemporânea que abriga, enquanto seu design minimalista é facilmente adaptado às mudanças que as exposições propõem ao espaço.
Termas de Vals
Inaugurada em 1996, a construção foi feita sobre as fontes termais do Cantão de Grisões, na Suíça. Assim, o arquiteto se dedicou a exaltar as experiências sinestésicas proporcionadas pelo ambiente, por meio do design simples que atribuiu às Termas de Vals.
Sendo assim, a estrutura foi planejada para se assemelhar com uma espécie de caverna, construída por meio de camadas de quartzito de Vals, um tipo de pedra natural recorrente da região.
O arquiteto utilizou os quartzitos para exaltar os elementos naturais que a própria montanha provém, incorporando-os à obra. Além disso, estimulou a visitação do espaço para seja também uma experiência de redescoberta sobre os benefícios da sauna, desde seus tempos mais remotos.
Percepções e sensibilidade
Ou seja, a arquitetura de Peter Zumthor revela a sua motivação para criar espaços repletos de dinamismo, com o objetivo de propiciar novas percepções para os visitantes que passeiam pelos ambientes.
A fim de estabelecer uma relação de identidade com os lugares e com a história na qual os seus projetos serão construídos, o arquiteto planeja os espaços por meio de uma visão humana e sensível do entorno.
Quer deixar um comentário ou relatar algum erro?Avise a gente