Empreendimentos multifuncionais e seu impacto nas cidades
09 maio 2019
Com o incentivo do poder público, empreendimentos multifuncionais e fachadas ativas ganham força e contribuem com cidades mais humanas, seguras e amigáveis aos pedestres.
A vida da cidade está na multiplicidade
Apesar de serem a resposta para questões muito atuais de deslocamento e mobilidade nas grandes cidades, a ideia de edifícios de uso misto ou mixed-use não é nova. Historiadores relatam que desde as cidades medievais os comerciantes passaram a morar em seus próprios estabelecimentos para evitar longas viagens com mercadorias.
A partir da revolução industrial passou-se a incentivar a setorização das cidades, o que acarretou diversos problemas urbanos como congestionamentos, degradação e falta de segurança em ruas ociosas. Por isso, hoje em dia o uso misto é fortemente incentivado, principalmente pelo poder público.
O Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo aponta diretrizes para o adensamento dos corredores dos transportes públicos estimulando o máximo aproveitamento do terreno por parte das incorporadoras.
Com o incentivo do PDE, projetos como o Facto Paulista, na Bela Vista, deverão ser cada vez mais vistos pela cidade. Localizado entre as estações Higienópolis-Mackenzie e Consolação do metrô, o empreendimento de 2 torres terá lojas, salas comerciais e unidades residenciais com entradas independentes, sem abrir mão do lazer completo.
Além dos benefícios práticos aos usuários, reunir diferentes funções urbanas – morar, trabalhar, se divertir, trocar e se locomover – em um único edifício, quarteirão ou bairro, empreendimentos multifuncionais fazem da cidade um ambiente mais saudável e seguro de se viver.
É isso que defende Jane Jacobs, grande nome do urbanismo, autora do livro Morte e vida das grandes cidades (1961). Isso porque o uso misto confere vida e movimentação constante ao lugar. De dia pelo comércio e a noite pelas residências, cafés e restaurantes.
“The point of cities is multiplicity of choice.” Jane Jacobs
Outra vantagem dessa prática é a valorização mútua entre as diferentes ocupações. Um apartamento inserido em um complexo multifuncional certamente será mais valorizado devido a proximidade com comércios e serviços. Da mesma maneira, será vantajoso aos comerciantes.
A cidade é feita para as pessoas, não o contrário
“No processo de planejamento, em vez da sequência que prioriza os edifícios, depois os espaços e depois (talvez) um pouco de vida, o trabalho com a dimensão humana requer a vida e os espaços sejam considerados antes das edificações” Jan Gehl, autor do livro Cidade para pessoas (2010).
Chamamos de fachada ativa o uso do pavimento térreo aberto ao livre fluxo da população transeunte, podendo ser ocupado por praças, cafés, comércios e diferentes serviços. É como se o edifício emprestasse o térreo para a cidade. Essa prática característica de edifícios multifuncionais contribui para uma cidade mais humana e amigável ao pedestre.
Um grande exemplo disso é o Conjunto Nacional de David Libeskind, grande ícone da Avenida Paulista. A divisão entre o passeio público e o térreo do edifício é quase imperceptível para quem caminha por ali. As pedras portuguesas que revestem a calçada adentram o prédio e convidam a população a tomar um café, almoçar, comprar um livro ou assistir um filme. Constantemente o espaço também recebe exposições e manifestações da arte.
O edifício é composto por um bloco horizontal, que abriga três pavimentos de uso comercial além do terraço jardim, e um bloco vertical de uso residencial.
Ouvindo a demanda
Como já citado no início do texto, edificações de uso misto surgiram espontaneamente a partir de uma necessidade dos cidadãos. Essa mesma necessidade continua existindo e os edifícios multifuncionais surgem independente de padrão, tamanho, forma e planejamento, sempre que é necessário suprir uma lacuna. Sendo assim, porque não ouvir a demanda da população e fazer bem feito?
Não basta apenas replicar uma fórmula mágica e achar que isso será sempre benéfico á cidade independente do contexto. É preciso estar atento ao que a cidade pede.
Foi o que a You, Inc. fez ao criar o projeto Core Home Pinheiros com duas torres, uma residencial com aptos de 24m² a 88m² e a outra com 103 salas de consultório de 31m² a 465m².
O empurrão que faltava
Entre outras vantagens, empreendimentos multifuncionais proporcionam um ambiente dinâmico e saudável à população e contribuem com cidades mais humanas. Com o incentivo do governo e podem ser um importante agente no movimento de devolução das cidades aos pedestres.
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