Edifício Sampaio Moreira – Que prédio é esse?
Por Beatriz Dilascio
23 dezembro 2020
Localizado no centro de São Paulo, na Rua Líbero Badaró, o Edifício Sampaio Moreira foi inaugurado em 1924. Na época, era o edifício mais alto de São Paulo, o primeiro arranha-céu da cidade.
Foi projetado pelo arquiteto Christiano Stockler e pelo engenheiro Samuel das Neves, que convenceram o empresário José Sampaio Moreira a construir o edifício, que ficou pronto quatro anos depois.
Localização histórica
Para entender o Edifício Sampaio Moreira, vamos começar por sua localização, no centro histórico da cidade de São Paulo, um local que exala história.
Vale do Anhangabaú
Até o final do século XIX, o local era uma barreira do crescimento de São Paulo, pois praticamente todo o núcleo urbano era concentrado no centro histórico. O centro só teve seu desenvolvimento no começo do século XX.
Após a urbanização, que começou após o projeto de construção do Viaduto do Chá, o Vale do Anhangabaú teve diversas funções até virar um parque urbano.
O nome Anhangabaú é indígena e significa, em tupi, rio ou água do mau espírito. Acredita-se que foi dado esse nome a ele por algum malefício feito pelos bandeirantes aos índios.
Líbero Badaró
É uma importante via do centro de São Paulo e liga o Mosteiro de São Bento ao Largo São Francisco. Anteriormente era chamada Rua Nova de São José.
A escolha do nome foi uma homenagem ao jornalista Giovanni Battista Líbero Badaró, um italiano que veio para o Brasil defendendo a causa liberal. Seus ideais incomodaram muitos poderosos e ele foi assassinado.
Em 1889, com a Proclamação da República, várias ruas tiveram seus nomes modificados, e a rua em que Giovanni foi assassinado passou a se chamar Líbero Badaró.
Sampaio Moreira, edifício histórico
O edifício Sampaio Moreira foi pensado, inicialmente, em 1920, para ter andares comerciais e andares residenciais, mas o comércio sempre tomou conta de todo o edifício.
Em sua inauguração, o edifício tinha 180 salas comerciais, onde trabalhavam advogados, engenheiros, arquitetos e ourives; no térreo está localizada a Mercearia Godinho, que é um dos estabelecimentos mais antigos da cidade, nele presente até os dias de hoje, onde é vendida uma das melhores coxinhas de São Paulo.
Na época da construção, o edifício Sampaio Moreira chamava muita atenção, pois representava uma grande revolução na arquitetura. Ele foi o primeiro edifício a ser construído em concreto armado, além de ser o primeiro arranha-céu de São Paulo.
Outro aspecto importante é que ele foi um marco na paisagem da região central da cidade, pois, com 12 andares e 50 metros de altura, era considerado um edifício de grande porte, visto que os demais prédios da época tinham em média quatro pavimentos.
O banqueiro José Sampaio Moreira presenteou cada um de seus seis filhos com dois andares do edifício, ou seja, o edifício era totalmente para a família Sampaio Moreira.
Ele só perdeu seu posto de maior edifício do São Paulo quando, em 1929, foi construído o Edifício Martinelli.
Arquitetura eclética
O estilo da obra é considerado eclético, com referências ao Neoclássico e ao Art Nouveau. Foi o primeiro edifício a apresentar essa tipologia com vários ornamentos, semelhante ao que era projetado nos Estados Unidos. Sua decoração é típica do estilo Luís XVI.
O prédio foi todo construído em concreto armado, utilizando armações feitas de barra de aço. A estrutura tem riqueza de detalhes, e a fachada modifica-se nos diferentes andares, criando um modelo diferenciado para a época.
Em 1990, o edifício passou por uma grande reforma estrutural, porém manteve características como a escadaria de mármore carrara e as esquadrias das janelas feitas de pinho de riga.
Cada andar do edifício Sampaio Moreira possuía cerca de 15 salas, com aproximadamente 15 m2 cada uma.
O elevador leva até o terraço, que tem uma linda vista do centro. Lá de cima, é possível ver a Rua Líbero Badaró, o edifício do Mackenzie, o Teatro Municipal e o antigo Banespa, agora Farol Santander.
Tombamento do edifício Sampaio Moreira
O edifício foi tombado em 1992 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), por estar dentro da área do Vale do Anhangabaú.
Ele foi classificado no nível de proteção III, que significa que ele é um bem de interesse histórico, arquitetônico e paisagístico. Esse nível de proteção também determina a preservação das características externas.
Todo esse processo de tombamento permite que haja restauração, reforma e revitalização, mas tudo tem de ser aprovado previamente pelo Conpresp.
O objetivo desse tombamento é preservar os elementos marcantes da arquitetura do prédio. Um ponto interessante desse edifício é o elevador. Antigamente, os edifícios tinham, em média, quatro andares, então, não possuíam elevadores. Uma curiosidade é que os elevadores da época ainda estão em pleno funcionamento, mesmo após 90 anos.
Em 2000, ainda pertencente à família Sampaio Moreira, a manutenção do edifício estava deixando a desejar, pois as vigas de sustentação estavam aparentes, as janelas e portas estavam danificadas e isso ocasionava entrada de chuva no local.
No ano de 2010, o edifício foi desapropriado pela prefeitura e passou a ser a sede da Secretaria da Cultura. Em 2012, foram iniciados os trabalhos de recuperação e restauração. O restauro foi dividido em duas partes, e o plano de renovação foi orçado em 28,9 milhões de reais.
Estado atual do edifício Sampaio Moreira
Após seis anos, em 2018 o prédio foi reaberto e tornou-se a nova sede da Secretaria Municipal de Cultura, que antigamente se localizava na Avenida São João, também no Centro de São Paulo.
O prédio foi reaberto antes da reforma completa, pois além de ser a nova sede da Secretaria Municipal de Cultura, ele será um local de visitação para a população. Estão previstos, para a segunda fase do projeto: um auditório, uma praça aberta, um jardim interno e um restaurante na cobertura.
Essas mudanças serão feitas em etapas, por isso nem tudo será entregue na primeira, como a praça aberta, que só será entregue na próxima etapa.
De todo o edifício, somente o quinto andar será mantido como era antes, e vai se tornar um memorial, em que até as marcas das paredes serão mantidas, para que a história do local seja preservada.
Visite o Edifício Sampaio Moreira
Horários de funcionamento: de segunda a sexta-feira das 10h às 18h
Telefone: (11) 3397 0001
Endereço: Rua Líbero Badaró, 340, Centro Histórico de São Paulo, São Paulo – SP
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