Conjunto Arquitetônico da Pampulha – Que prédio é esse?
Por Nathália Zanardo
02 setembro 2020
Uma visita obrigatória para quem está em Belo Horizonte é o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, ponto turístico mais famoso da cidade, também reconhecido internacionalmente por expressar a arquitetura moderna brasileira.
Um pouco sobre a história da Pampulha
No final do século XIX, Belo Horizonte foi fundada para ser a nova capital de Minas Gerais. Com sua construção planejada, a cidade deveria ser organizada, mas, por causa do seu grande crescimento não previsto, resultou numa expansão desordenada das áreas periféricas, alterando o projeto racional.
Em 1940, quando Juscelino Kubitschek foi nomeado prefeito da cidade, ele implantou nesses bairros periféricos as estruturas necessárias para criar uma malha homogênea que se conectasse ao centro da cidade.
Juscelino Kubitschek tinha mais ideias para a cidade, então resolveu encomendar um projeto para a reestruturação local com o arquiteto Oscar Niemeyer, que estava começando a carreira. A ideia da Pampulha veio com dois objetivos: desenvolver uma área no norte de Belo Horizonte e, ao mesmo tempo, criar um polo de lazer que se tornasse um atrativo turístico.
O projeto do Conjunto Arquitetônico da Pampulha
Localizado no entorno da Lagoa da Pampulha, uma lagoa artificial já existente em Belo Horizonte, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha começou a ser construído nos primeiros anos da década de 1940, sendo inaugurado em 1943.
Para resgatar essa área da cidade, Oscar Niemeyer realizou um projeto inovador, que consistia na criação de edificações no entorno da lagoa, sendo elas uma igreja, um clube, um salão de bailes, um cassino e um hotel, o único edifício não concretizado no projeto final.
Assim, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha foi constituído por quatro edificações projetadas por Niemeyer: a Igreja de São Francisco de Assis, o Iate Golfe Clube (atual Iate Tênis Clube), a Casa do Baile (atual Centro de Referência em Arquitetura, Urbanismo e Design) e o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha).
Além das edificações que compunham o projeto, os jardins e as artes eram parte da grande obra. Para essa correlação existir, grandes nomes trabalharam no projeto, como o paisagista Burle Marx, o artista Candido Portinari, o escultor Alfredo Ceschiatti, dentre outros grandes nomes. Portanto, o projeto deve ser apreciado levando em consideração todos os elementos existentes, a arquitetura, a arte e a paisagem local.
Representando fortemente o modernismo da época, no projeto, Niemeyer fez algo nunca visto antes: utilizou de forma inovadora o concreto armado em formatos curvos. Com isso, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha recebeu grande destaque na década de 1940, sendo reconhecido até mesmo pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), que o classificou como um dos melhores exemplares de arquitetura moderna do mundo e ainda dedicou um pavilhão de exposições à arquitetura brasileira.
O conjunto tornou-se a maior atração da cidade e impulsionou o turismo em Belo Horizonte. Com uma integração entre edifícios, paisagem e a lagoa, a melhor forma de visitar a Pampulha é a pé ou de bicicleta para conseguir apreciar a arquitetura e sua relação com o todo.
A Igreja de São Francisco de Assis
A Igreja de São Francisco de Assis, inaugurada em 1943, foi uma das primeiras obras de destaque de Niemeyer e até hoje é considerada pelos visitantes a obra mais icônica do Conjunto Arquitetônico da Pampulha.
Ela se tornou um marco do modernismo no Brasil e no mundo por causa da sua forma sinuosa, que utiliza uma mistura de concreto armado de forma plástica e arcos sequenciais. Tal inovação permite que a cobertura e a parede não sejam diferenciadas tornando-se uma estrutura contínua e única.
A arquitetura impactante da igreja também causou grande alvoroço na comunidade religiosa. Com uma forma tão inovadora e pouco tradicional, o arcebispo de Belo Horizonte recusou-se a consagrar na igreja, o que a fez ser mantida fechada por quase 15 anos.
O Iate Tênis Clube
Atualmente utilizada como um clube privado, a edificação em formato de um barco parece que está sendo lançada às águas da Lagoa da Pampulha. Ela segue a linha modernista com seus pilotis e destaca-se com seu telhado invertido.
A edificação é alvo de muitas discussões por conta do anexo construído anos depois da inauguração. A nova construção, distinta da original, bloqueia a visão do conjunto como um todo, isolando de certa forma a edificação, antes conectada visualmente aos demais elementos do conjunto.
A Casa do Baile
Localizado em uma ilha artificial às margens da Lagoa da Pampulha, o edifício foi pensado para abrigar um pequeno restaurante, um salão com mesas, pista de dança, cozinha e toaletes.
Conectada com a margem por uma ponte, a edificação é composta de um salão circular e uma marquise sinuosa com pilotis, que se torna o grande destaque da obra.
A marquise estimula os visitantes a explorarem além do edifício, num convite a desfrutar e a aproveitar a paisagem. Vale a pena admirar o entardecer debaixo da marquise e ver o lindo pôr-do-sol desaparecendo no horizonte da lagoa.
Desde 2002 o edifício, parte do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, funciona como um acervo documental de elementos da cidade, abrigando o Centro de Referência de Urbanismo, Arquitetura e Design.
Além de ter um papel documental, o centro também promove exposições e eventos que acontecem no interior e no exterior da edificação, sempre aberto ao público.
O Cassino
Atual Museu de Arte da Pampulha, a edificação é parte do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, dentro do conjunto é a que mais se enquadra no modernismo clássico. Inaugurado em 1943, o edifício tinha a função de abrigar jogos e festas. Composto de uma caixa “quadrada” e de um volume circular conectados, de forma sutil Niemeyer consegue introduzir a curvatura nessa edificação.
A construção está localizada na margem da lagoa, oposta aos demais edifícios do conjunto. O seu terreno mais elevado valoriza a construção, e faz com que os olhos dos visitantes sejam atraídos por ela.
Por causa da proibição dos jogos de azar o edifício ficou anos fechado e em 1957 se tornou um museu. Atualmente o espaço abriga obras contemporâneas de artistas brasileiros.
Conjunto Arquitetônico da Pampulha, um Patrimônio Mundial da Humanidade
O Conjunto Arquitetônico da Pampulha já havia sido reconhecido como um patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1997, quando todo conjunto foi tombado.
Em julho de 2016, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha ganhou seu maior reconhecimento durante a 40a sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, em Istambul, na Turquia, sendo declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Esse título já foi alcançado por outras obras muito famosas, como o Taj Mahal, na Índia, as Pirâmides de Gizé, no Egito, o Palácio de Versalhes, na França, e até mesmo a Cidade do Vaticano, nivelando o Conjunto Arquitetônico da Pampulha a construções de destaque mundial.
Visitando o Conjunto Arquitetônico da Pampulha
O Conjunto Arquitetônico da Pampulha é uma excelente opção para um final de semana ensolarado, alugue ou leve sua bicicleta e aproveita para dar uma volta na lagoa e visitar todos os edifícios emblemáticos de Niemeyer.
- Igreja de São Francisco de Assis
Contato: (31) 3427-1644
Endereço: Av. Otacílio Negrão de Lima, n° 3000.
- Museu de Arte da Pampulha
Horário de funcionamento: Terça a domingo, das 9h às 19h.
Valor: Entrada franca.
Contato: (31) 3277-7996
Endereço: Av. Otacílio Negrão de Lima, n° 16.585.
- Centro de Referência em Arquitetura, Urbanismo e Design
Horário de funcionamento: Terça a domingo, das 9h às 18h.
Valor: Entrada franca.
Contato: (31) 3277-7443
Endereço: Av. Otacílio Negrão de Lima, n° 751.
- Iate Tênis Clube
Horário de funcionamento: Terças e quintas das 7h às 23h, quartas e sextas das 7h às 18h, finais de semana e feriados das 7h às 19h.
Contato: (31) 3490-8400
Endereço: Av. Otacílio Negrão de Lima, n°1350.
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