Espelho d’água: o que é, como utilizar e espaços para inspirar
Por Victória Baggio
06 abril 2021
A casa é o nosso refúgio, sendo essencial, portanto, que ela tenha uma atmosfera tranquila e prazerosa. Para alcançar isso, existem diversos recursos arquitetônicos e decorativos, e o espelho d’água é uma ótima alternativa para quem busca um ambiente mais calmo e natural.
Além do valor estético, este elemento também pode ser bastante funcional, como barreira espacial e colaborar para o conforto térmico do ambiente.
O espelho d’água pode estar presente em projetos para os mais diversos usos, desde uma casa, um condomínio residencial, um edifício comercial e, até mesmo, em edifícios públicos.
O que é um espelho d’água?
O espelho d’água nada mais é do que uma superfície contínua de água, exposta ao ar livre, como uma piscina rasa de água, de aproximadamente 20 a 60 cm de profundidade.
Este é um recurso arquitetônico que pode ser utilizado tanto com a função de refletir o entorno ou o edifício onde está, como um elemento decorativo, ou também como barreira de acesso.
Em edifícios públicos, como sedes de governo ou edifícios religiosos, é utilizado para inspirar solenidade e reflexão.
Tal recurso é tão versátil ⏤ podendo ter dimensões, formas e materialidades diversas ⏤ que é utilizado tanto em edifícios de grande escala como em casas menores.
Vantagens de ter um espelho d’água em casa
Além do valor estético, e de alcançar uma atmosfera mais zen, o espelho d’água também conta com vantagens funcionais para tê-lo em casa.
Ao ser uma superfície com água, vinculada com os espaços interiores da casa, este elemento ajuda a refrescar o ambiente, pois aumenta a umidade relativa do ar. Portanto, este recurso é ideal para lugares secos.
No Brasil, por exemplo, o espelho d’água é uma solução que responde bem a boa parte dos climas, o que pode explicar sua presença em edifícios dos mais variados usos.
Além disso, ele também pode servir como reservatório de água, para ser utilizado em casos urgentes como um incêndio, como também para uso de torneiras, por exemplo. Para isso, o espelho d’água deve fazer parte de um sistema que conta com um reservatório principal ou auxiliar, bombas e estações de tratamento de água.
Como utilizar o espelho d’água na arquitetura
O espelho d’água pode ser introduzido em um projeto de arquitetura de diversas maneiras, que resultam em espaços bastante diferentes.
No paisagismo, diferentemente de um lago artificial ornamental, esta superfície de água é utilizada para delimitar e separar ambientes.
Quando posto em diálogo com a arquitetura, pode estar presente no acesso do edifício, marcando o percurso, como também em pátios internos, como um respiro de natureza dentro de casa.
O espelho d’água pode, inclusive, servir para compor um jardim de inverno, contendo plantas flutuantes e pendentes, como estar em diálogo com uma parede verde, por exemplo. Assim, além das plantas, a casa inteira será beneficiada pelo frescor da água somado ao ar puro vindo do verde.
Espelho d’água: da concepção à manutenção
O espelho d’água é um recurso que deve ser idealizado com o projeto arquitetônico e/ou paisagístico, com cuidado na seleção de materiais e, depois de pronto, deve contar com uma manutenção atenciosa.
Concepção
O espelho d’água pode ser concebido de maneira bastante livre. Como guia para ajudar nesse processo, pode-se ter como base a arquitetura existente, o formato do espaço disponível e também do terreno, além de árvores importantes existentes, por exemplo.
Quando colocado totalmente no exterior, combinado com o projeto paisagístico, este elemento pode adotar formas orgânicas, por exemplo, assemelhando-se a um pequeno lago.
Já quando combinado à arquitetura, normalmente é composto por formas geométricas ortogonais, a partir de linhas e eixos que partem da arquitetura. Assim, resulta em um elemento harmônico com a arquitetura na qual se insere.
Construção
O espelho d’água, quando idealizado com o projeto de arquitetura, é construído simultaneamente a este.
Tal como se faz para uma piscina, o espelho d’água parte de uma escavação no terreno, que logo é coberto por uma membrana impermeável e recebe a concretagem. Por tratar-se de um elemento que abriga água, deve contar com cálculo estrutural específico e construído com cuidado.
Materiais
O responsável pela cor do espelho d’água é o revestimento, por isso, escolher tal material é tão importante na sua concepção.
Os mais utilizados são pedras, que podem ser desde pedras naturais, como também pastilhas ou azulejos.
Além de revestimentos cerâmicos, o espelho d’água também pode ser feito com concreto aparente.
Manutenção
Assim como um lago artificial e uma piscina, o espelho d’água também deve ser constantemente limpo e mantido.
A limpeza é feita através de um sistema de filtração de baixa potência. Para esta, é primordial evitar o uso de cloro e produtos químicos, já que o espelho d’água está em contato com elementos naturais de vegetação.
Ambientes com espelho d’água para inspirar
O espelho d’água pode estar inserido em diferentes tipos de edifícios e de diversas maneiras, com a característica de resultar em espaços mais frescos e que remetem a uma tranquilidade natural.
No emblemático projeto de uma casa de final de semana na cidade de São Paulo, o arquiteto Angelo Bucci projeta um térreo onde o limite entre interior e exterior é difuso. A água é um elemento presente em todos os ambientes da casa, no térreo, a partir de espelhos d’água, que recebem água vinda dos andares superiores através de cascatas.
Na casa projetada pelo escritório Terra e Tuma, a água ocupa toda a superfície do pátio interno da casa, que, com a inserção de plantas no chão e suspensas, passa a ser o jardim de inverno.
Já na casa Neblina, o espelho d’água faz com que a arquitetura pareça flutuar sobre a água, proporcionando leveza e tranquilidade ao espaço.
Neste edifício, o espelho d’água aparece na cobertura, serve como limite, substituindo um guarda-corpo.
Outro exemplo do espelho d’água como limite do espaço é no piso do café do Sesc 24 de Maio, projetado pelo escritório MMBB em parceria com o arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
Neste espaço, o que era para ser barreira, torna-se lugar de frescor e brincadeira para dias quentes, comprovando que o espelho d’água pode também ser utilizado como espaço de observar e também de estar.
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