Estilos arquitetônicos: Clássico

Estilos arquitetônicos: Clássico
Victória Baggio

Por Victória Baggio

30 abril 2021

A arquitetura clássica é um estilo arquitetônico bastante famoso e utilizado até os dias atuais, embora sua origem e sua essência sejam bastante antigas, com início no século VII a.C., situado no Mar Mediterrâneo, nas civilizações da Grécia e da Roma antiga. 

O estilo Clássico é sinônimo de proporção e harmonia. As primeiras obras seguindo tal estilo foram templos religiosos de grandes dimensões, posteriormente edifícios públicos e marcos das cidades. 

Além da arquitetura clássica antiga, quando falamos de estilo arquitetônico clássico, podemos também estar se referindo ao Classicismo, sendo ambos dois estilos de períodos um tanto distantes, que, no entanto, compartilham certos ideais. 

O Clássico

Para começar a abordar sobre o Clássico, é preciso diferenciar o que foi a Antiguidade Clássica do Classicismo. 

A Antiguidade Clássica, ou período Clássico, foi um período histórico que ocorreu entre os séculos VII a.C. e V d.C., na civilização greco-romana, a qual, a partir de então, começou a exercer relevante influência na Europa, na Ásia e no norte da África.  

Já o Classicismo surgiu na Europa do século XVI, desenvolveu-se paralelamente ao contexto do Renascimento e pode ser visto como uma derivação da Antiguidade Clássica, pois utilizava-a como inspiração para as obras.

O estilo Clássico tem como característica a harmonia, as partes do edifício são proporcionais entre si e como um todo. Além disso, a simetria e a ornamentação sem exuberância marcam o estilo Clássico. 

Arquitetura clássica: contexto histórico 

O que se entende como período de arquitetura clássica, situa-se na produção da Grécia e da Roma antiga, sendo a obra construída composta principalmente por templos religiosos, edifícios de grandes dimensões, que eram construídos em pedra. 

A essência do estilo Clássico Grego era alcançar a harmonia perfeita nas suas construções. Para isso, os construtores utilizavam a matemática como expressão da racionalidade humana, unida à estética. 

Posteriormente, o estilo Clássico romano apropriou-se do estilo Clássico grego, com influência dos etruscos, cujas construções apresentavam características próprias, como a solidez, a sobriedade e o uso de elementos como arcos e abóbadas, por exemplo. 

As principais características da arquitetura clássica

A arquitetura clássica é totalmente criada a partir dos conceitos de harmonia, ordem, simetria e geometria, resultando em obras totalmente simétricas e ortogonais, regidas a partir de eixos principais. Assim, os arquitetos clássicos acreditavam alcançar a perfeição e a obra poderia ser considerada bela.  

O equilíbrio era outra característica muito importante, alcançada a partir de funções matemáticas, como a proporção áurea, por exemplo. Assim, os elementos do edifício eram proporcionais entre si e com o todo. 

Ordens da arquitetura clássica grega

A arquitetura clássica grega também apresentava elementos decorativos bastante característicos, que ficaram conhecidos como símbolo desse estilo e marcaram uma época. 

Esta deu origem a três ordens arquitetônicas: a dórica, a jônica e a coríntia. Tais ordens eram utilizadas para a criação das colunas do edifício, elemento arquitetônico muito utilizado para a criação de galerias no perímetro dos edifícios, como também para decorar as fachadas principais.

Ilustração coluna dórica, Estilo Clássico Grego.
Ilustração coluna dórica. Fonte: Archdaily

A ordem dórica é a mais antiga e, portanto, a mais simples e robusta. As colunas da ordem dórica não contêm base nem capitel, a única espécie de decoração de tais colinas eram os frisos ao longo da sua altura, e uma simples moldura como arremate superior.  

As colunas da ordem dórica normalmente apresentam altura de 8 diâmetros e eram utilizadas em edifícios que homenageavam deuses masculinos, por causa de suas linhas rudimentares e proporção ligada ao corpo masculino.

Ilustração coluna jônica.
Ilustração coluna jônica. Fonte: Archdaily

A ordem jônica pode ser vista como um meio termo entre a dórica e a jônica, pois resulta em uma relação média entre as proporções robustas e delicadas.

Suas linhas aludem às do corpo feminino; caracterizada pela esbeltez, apresenta um perfil leve e fluido, sendo o oposto da ordem dórica. 

As colunas da ordem jônica possuem altura nove vezes maior que o diâmetro. Esta contém base, capitel adornado com pergaminhos e sua altura conta com 24 linhas verticais.

Ilustração coluna coríntia.
Ilustração coluna coríntia. Fonte: Archdaily

A ordem coríntia é considerada uma evolução da ordem jônica e a mais bela das ordens clássicas.

As colunas coríntias possuem uma altura de dez vezes o seu diâmetro, sendo a mais esbelta das colunas clássicas gregas. Seu elemento mais característico é o capitel, que é bastante adornado com folhas; além disso, conta com base e linhas verticais em sua altura. 

Características da arquitetura clássica romana

A arquitetura clássica romana, influenciada pela grega, também gerou ordens para as colunas de seus edifícios, bastante inspiradas nas originais gregas. 

Em Roma, foram criadas duas ordens para a arquitetura clássica romana: a toscana e a compósita.

Ilustração coluna toscana.
Ilustração coluna toscana. Fonte: Archdaily

A primeira delas é a toscana, que pode ser considerada como uma simplificação da ordem dórica, a primeira ordem grega. Tais colunas apresentam sete diâmetros de altura, além de capitel e base pouco ornamentados. 

A ordem toscana era utilizada para edifícios nos quais ornamentos seriam supérfluos, como prisões e fortificações.

Ilustração coluna compósita.
Ilustração coluna compósita. Fonte: Archdaily

Já a ordem compósita pode ser vista como uma derivação que mistura as ordens clássicas gregas, jônica e coríntia. Tais colunas possuem uma altura de dez vezes o seu diâmetro. Seu capitel mistura elementos da ordem jônica com os da coríntia. 

Além das ordens, da simetria e da matemática, a arquitetura clássica romana preocupava-se com a funcionalidade de cada edifício, com sua resistência e sua amplitude espacial. 

Outra inovação da arquitetura clássica romana está nos materiais. Em uma época em que se construía basicamente utilizando pedras, tais obras começaram a ser erguidas em concreto, aumentando sua solidez e sua durabilidade. 

Marcos da arquitetura clássica no mundo

A arquitetura clássica construiu obras que são até hoje verdadeiros marcos mundiais, o Partenon, em Atenas, e o Coliseu, em Roma, por exemplo.

Por um lado, a arquitetura clássica grega construiu principalmente obras destinadas a abrigar programas religiosos, já a arquitetura clássica romana foi utilizada para erguer edifícios de diversas funções além de templos, como anfiteatros, aquedutos e até banhos públicos. 

Partenon

Estilo Clássico: Partenon, Atenas.
Partenon, Atenas. Fonte: Pinterest

O Partenon está entre as obras mais emblemáticas da arquitetura clássica grega, sendo um dos edifícios mais visitados na Grécia até os dias atuais. Construído no século V a.C., o templo foi projetado pelos arquitetos Calícrates e Ictinos e decorado pelo escultor Fídias e sua equipe.

O templo Partenon foi construído especialmente dedicado à deusa Atena, materializada em uma escultura, feita em marfim e ouro, que ocupava o interior da obra. 

Localizado em uma área alta da Acrópole de Atenas, o templo foi construído totalmente em pedra, a partir de um embasamento de três degraus. De planta retangular, seu perímetro é contornado por uma série de colunas dóricas, ordem que rege todo o edifício, conformando uma galeria, que sustentava um entablamento.

Panteão

Estilo Clássico: Panteão, Roma.
Panteão, Roma. Fonte: Pinterest

Localizado na Piazza della Rotonda, em Roma, o Panteão é uma das obras mais relevantes da arquitetura clássica romana. Encomendado no ano 27 a.C. por Marcus Agrippa, e reconstruído no ano 110 por Adriano, após dois incêndios no local, o edifício é então a terceira construção existente no local. 

O edifício de planta circular é coberto por uma imensa cúpula, que é a estrela do edifício. No centro da cúpula, a mais de 40 metros de altura, está um óculo, que banha o espaço interior de luz natural de maneira única. 

A fachada principal do edifício é demarcada por um pórtico com uma série de colunas coríntias que suportam um frontão. 

O edifício do Panteão apresentou inovações estruturais bastante relevantes para a época; construído em concreto, paredes cilíndricas de 6 metros de espessura sustentam a cúpula de caixotões de concreto, que durante muito tempo foi considerada a maior do mundo. 

Arquitetura classicista: contexto histórico

O Classicismo foi um estilo arquitetônico bastante posterior ao período clássico, que utiliza este como inspiração, seguindo suas características essenciais. 

A arquitetura classicista é aquela que combina duas características principais da arquitetura clássica: a harmonia e a proporção das partes do edifício, e os elementos decorativos derivados da arquitetura greco-romana.

Surgida na Europa durante o século XIV, o movimento do Classicismo marcou o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna. O Classicismo é paralelo ao período Renascentista, e esteve presente tanto na arquitetura quanto nas artes visuais, na literatura e na música. 

David Michelangelo foi um dos mais importantes artistas do Classicismo, que, em suas obras, buscava proporção perfeita, simetria, além da notável valorização da figura humana.

Entre as características principais do Classicismo estão: recorrentes representações de cenas gregas e romanas, o equilíbrio, a harmonia, a solidez das construções, o rigor formal, a valorização da racionalidade e a grandeza de intenções. 

O Classicismo em Portugal

O Classicismo em Portugal teve início no século XVI, no âmbito da literatura, e foi marcado pela chegada do poeta Francisco Sá de Miranda a Portugal, que, inspirado no humanismo italiano, levou uma nova forma de poesia, chamada dolce stil nuevo (“doce estilo novo”). Os poetas desse período valorizavam as conquistas do povo português. 

Arco da Rua Augusta, Praça do Comércio, Lisboa, Portugal.
 Arco da Rua Augusta, Praça do Comércio, Lisboa, Portugal. 

Na arquitetura, o maior exemplo do Classicismo no país é o Arco da Rua Augusta, na Praça do Comércio, em Lisboa, cuja construção é bastante posterior ao movimento literário do Classicismo, em 1875. 

O estilo Clássico no Brasil

Embora possamos perceber cotidianamente elementos da arquitetura clássica em edifícios por todo Brasil, não existe de fato uma arquitetura clássica no País, e sim a arquitetura neoclássica.

Sendo o Brasil um país colonizado por europeus, os estilos arquitetônicos aqui presentes são derivações, bastante posteriores, que receberam influências locais e, portanto, são classificadas como estilos diferentes aos de origem e recebem o termo “neo” antes do nome do estilo.

Posteriormente ao período de tais estilos conhecidos como historicistas, no início do século XX, o Brasil dá entrada ao estilo modernista, a partir do qual foram projetados importantes edifícios por todo o país.

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Arquiteta com formação no Uruguai e Portugal, atualmente mestranda em projeto de arquitetura. Apaixonada pelo fazer e escrever sobre arquitetura.

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