Coletivos e entidades de mulheres arquitetas e profissionais do setor imobiliário

Coletivos e entidades de mulheres arquitetas e profissionais do setor imobiliário
Beatriz Dilascio

Por Beatriz Dilascio

11 março 2022

As mulheres já lutaram muito e ainda lutam pela equidade de gênero no mercado imobiliário, e o avanço vem acontecendo aos poucos. No Brasil, as mulheres só puderam exercer a profissão de corretora de imóveis em 1958, hoje em dia isso já mudou.

Em São Paulo, as mulheres representam cerca de 34% dos corretores, segundo o CRECI-SP de 2020. Porém, quando falamos sobre cargos de liderança, a diferença ainda é muito grande. 

Já na área de arquitetura e urbanismo, mais de 62% de profissionais registrados no Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP) são mulheres, ou seja, cerca de 35 mil mulheres arquitetas. 

Porém, ainda hoje as mulheres arquitetas e urbanistas recebem uma remuneração menor do que arquitetos e urbanistas homens. Além disso, muitas dessas mulheres têm sua carreira interrompida por dificuldades de recolocação no mercado de trabalho.

Mulheres se abraçando.
Mulheres juntas criam programas, coletivos, entidades e associações. Fonte: Freepik

Para fazer a diferença, muitas mulheres criam programas, coletivos, entidades e associações para mostrar a sua importância no passado, no presente e no futuro, tanto na arquitetura, quanto no ramo imobiliário.

Grupos para mulheres do mundo da arquitetura

O número de mulheres profissionais da arquitetura e estudantes de arquitetura e urbanismo cresceu consideravelmente durante os anos, e hoje já são a maioria nesse meio. Entretanto, o reconhecimento na área ainda é algo a se conquistar.

Arquitetas em Rede

Elas são um coletivo que busca refletir sobre a representatividade das mulheres na sociedade e sua presença na profissão. O objetivo delas é oferecer um espaço no qual mulheres profissionais da arquitetura possam criar laços e fortalecer suas atuações, promovendo debates, divulgando informações, proporcionando espaços de apoio e visibilidade.

Logo do coletivo Arquitetas em Rede.
O coletivo Arquitetas em Rede busca reflexões sobre a representatividade das mulheres na sociedade e sua presença na profissão. Fonte: Pinterest

As integrantes desse coletivo também tiveram a ideia de promover eventos, pesquisas e ações com o intuito de melhorar o reconhecimento das mulheres arquitetas no Brasil. 

Qualquer profissional da arquitetura pode fazer parte desse coletivo, desde que tenha interesse em debater sobre esse assunto e procurar novas conexões. Para fazer parte do Arquitetas em Rede, basta procurá-las no Instagram e no Facebook e preencher um cadastro.

Arquitetas Invisíveis

O coletivo foi criado por estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, com o intuito de contar a história de arquitetas importantes, destacar o trabalho de novos profissionais e debater sobre a igualdade de gênero na arquitetura e no urbanismo. 

Coletivo arquitetas invisíveis.
Coletivo que conta a história de importantes arquitetas e destaca o trabalho de novas profissionais. Fonte: Revista Due

A inauguração do Arquitetas Invisíveis ocorreu no dia 8 de março de 2014, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, para alcançar estudantes e profissionais da arquitetura.

Um pouco após a inauguração, foram feitas exposições, palestras, mesas redondas, oficinas de filmes e documentários, que buscam a melhor compreensão na relação entre gênero e atuação profissional. 

Arquitetas Negras

O projeto Arquitetas Negras foi criado pela arquiteta Gabriela de Matos em 2018 e surgiu a partir de um questionamento que a arquiteta tinha constantemente: “Onde estão as arquitetas negras, que raramente são vistas nas mostras de arquitetura e design, no mercado de trabalho, assim como nos espaços acadêmicos, publicações e registros históricos?”

Projeto Arquitetas Negras.
O projeto visa a proporcionar maior visibilidade para arquitetas negras brasileiras. Fonte: Casa Vogue

Dessa forma, o projeto nasce para dar maior visibilidade às arquitetas negras brasileiras. Para isso, o grupo responsável por esse projeto mapeia o trabalho de profissionais negras em todo o País, construindo uma plataforma de pesquisa e de contratação de serviço de arquitetura. 

Com isso, o objetivo é diminuir a desigualdade, tanto racial quanto de gênero, no mundo da arquitetura. A sua primeira ação foi publicar a Revista Arquitetas Negras, que é a primeira revista com conteúdo produzido e pensado por arquitetas negras brasileiras.

Arquitetura na Periferia 

O projeto Arquitetura na Periferia teve seu início no ano de 2013, quando a arquiteta Carina Guedes estava fazendo sua pesquisa de mestrado, na Escola de Arquitetura da UFMG. A continuidade desse projeto foi feita dentro da Arquiteta Sem Fronteiras, que é uma associação sem fins lucrativos.

Mas foi em 2018 que o projeto Arquitetura na Periferia teve um crescimento tão significativo que foi formalizado criando o Instituto de Assessoria a Mulheres e Inovação (IAMÍ).

Projeto Arquitetura na Periferia.
Esse é um projeto cujo objetivo é ensinar as mulheres da periferia técnicas e práticas de construção. Fonte: Arquitetura na Periferia

O projeto visa à melhoria da moradia para mulheres da periferia, apresentando a elas técnicas e práticas de projeto e planejamento de obra. Elas ainda recebem um microfinanciamento para conduzirem a obra com mais autonomia.

Com isso, o projeto busca ampliar a capacidade das mulheres em questão de análise, discussão, prospecção, cooperação e planejamento, levando-lhes um aumento de 

autoestima e confiança.

O Arquitetura na Periferia ainda diz ter como missão produzir e coletivizar informação e conhecimento, fortalecendo os vínculos comunitários.

Mulher em Construção 

Mulher em Construção é uma ONG fundada em 2006 que oferece cursos e oficinas gratuitas sobre construção civil para mulheres. Seu objetivo é capacitá-las na construção civil para resgatar seus direitos, seus valores e sua independência econômica.

ONG Mulher em Construção.
A ONG oferece cursos e oficinas gratuitas relacionados à construção civil para mulheres. Fonte: Mulher em Construção

A ONG possui parceria com órgãos públicos e empresas que reconhecem a sua importância. Ela ainda realiza ações sociais e de conscientização para ajudar mulheres que estão em situação de vulnerabilidade.

Para essa capacitação, o grupo oferece treinamentos de leitura e interpretação de planta baixa, empreendedorismo e cooperativismo, além do desenvolvimento de pensamento crítico sobre diversos assuntos como autoestima, empoderamentos, sustentabilidade e relações interpessoais.

Rebel Architette 

O Rabel Architette (em inglês) é um coletivo que surgiu com o objetivo de buscar a igualdade de direitos e visibilidade de mulheres na arquitetura. Para isso, foi desenvolvido um mapa interativo com mais de 700 profissionais espalhadas pelo mundo.

Seu propósito é reunir diversas profissionais e fazer com que mais mulheres sejam contratadas para participar de eventos e palestras, dando mais oportunidade para elas no mercado de trabalho.

Mapa interativo do Rebel Architette.
Mapa interativo do Rebel Architette com mais de 700 profissionais de arquitetura espalhadas pelo mundo. Fonte: Pinterest

Atualmente, a plataforma da Rebel Architette possui sete perfis completos de arquitetas e apoiadoras do trabalho, cujos perfis são: Louise Braverman, Gisele Hariri & Mojan Hariri, Anna Heringer, Caroline James, Doriana Mandrelli Fuksas, e Toshiko Mori. 

Os perfis contam com textos que possuem informações acadêmicas, profissionais e as redes sociais de cada uma dessas mulheres. Elas esperam que, um dia, todas as mulheres que participam desse projeto tenham um perfil no site.

Grupos para mulheres do mercado imobiliário

A cada dia mais as mulheres estão conquistando o seu espaço no mercado imobiliário. O crescimento da atuação de mulheres nesse segmento é visível, representando mais de 40%, de acordo com dados do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci) e da Federação Nacional de Corretores de Imóveis (Fenaci).

Mulheres do Imobiliário

Esse é o primeiro grupo feminino do setor imobiliário e nasceu de um sonho de Elisa Tawil, que só foi realizado quando Renata Botelho e Lia Meger se juntaram a ela e aceitaram ampliar e reverberar a voz em prol da liderança feminina.

Grupo Mulheres do Imobiliário.
Mulheres do Imobiliário, primeiro grupo feminino do setor imobiliário. Fonte: Mulheres do Imobiliário

O objetivo do Mulheres de Imobiliário é identificar e aproximar as mulheres que são exemplos de liderança para que outras saibam que é possível obter um cargo de liderança no setor imobiliário. 

Essa aproximação acontece por meio de almoços, encontros virtuais, palestras e debates sobre inovações, tendências e outros temas relacionados ao setor. Tudo isso com a finalidade de capacitar e preparar mulheres para o exercício da liderança.

Infra Women Brazil (IWB) 

O Infra Women Brazil é um grupo sem fins lucrativos dedicado a incentivar a presença de mulheres no setor de infraestrutura. A iniciativa nasceu a partir da parceria entre mulheres que atuam nos setores público e privado do mercado de infraestrutura que viram a necessidade de ter um espaço para compartilhar ideias e experiências.

Grupo Infra Women Brazil.
Um grupo sem fins lucrativos que incentiva a presença de mulheres no setor da infraestrutura. Fonte: Facebook

Hoje, o grupo já reúne mais de 200 membros de diversos setores de infraestrutura. Foi feita uma iniciativa chamada “#convidemelas”, que tem como propósito promover a participação de mulheres em eventos sociais, para que, assim, haja mais diversidade e representatividade em discussões, fóruns e conferências. Dessa forma, mais mulheres serão vozes representantes da infraestrutura.

Think Tank Amazonita Clube 

O Think Tank Amazonita Clube tem como principal objetivo estimular a evolução do mercado imobiliário aumentando a presença e a visibilidade de mulheres na liderança do setor no médio e longo prazos.

 Think Tank Amazonita Clube.
O Think Tank Amazonita Clube estimula a presença de mulheres na liderança do setor imobiliário. Fonte: Mulheres do Imobiliário

Esse é um núcleo do grupo Mulheres do Imobiliário, que falamos anteriormente, criado por Elisa Tawil e Giovanna Carnio. A atuação deste núcleo está pautada em dois pilares: a expertise e a diversidade.

Mulheres no mercado de trabalho

As mulheres estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho, ocupando cargos e exercendo atividades que até alguns anos atrás eram feitas apenas por homens. 

Na arquitetura, as mulheres já são a maioria no mercado de trabalho, sendo mais de 105 mil mulheres registradas no Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), o que representa 63,1% dos profissionais cadastrados. 

E a tendência é que, nos próximos anos, a participação das mulheres seja ainda maior, visto que, nas instituições de ensino, 67% dos alunos são mulheres e apenas 33% são homens. 

Esse crescimento também pode ser visto na participação das mulheres no segmento imobiliário. Elas também são a maioria quando falamos de formação acadêmica e profissionalização. 

Para quem deseja se profissionalizar no mercado imobiliário, é necessário ter o registro do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI), assim como um curso superior ou técnico.

Beatriz Dilascio
Conteúdo criado por:Beatriz Dilascio
Arquiteta apaixonada por arte e decoração, sempre buscando por inovações e aprender cada dia mais.

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