Viver o Brasil: Teatro Amazonas, em Manaus
Por Beatriz Dilascio
17 junho 2022
O Teatro Amazonas é o cartão-postal da cidade de Manaus, um símbolo da prosperidade brasileira, que, desde a sua inauguração, funciona como casa de espetáculos e de referências da cidade.
Por ser tombado como Patrimônio Histórico Nacional, ainda boa parte de sua arquitetura e decoração original foi preservada, atraindo visitantes do mundo inteiro por sua beleza e história.
A história do Teatro Amazonas
No final do século XIV, a cidade de Manaus era o centro da extração e da comercialização do látex de seringueira, matéria-prima da borracha. E, por isso, Manaus teve um grande progresso em sua economia e cultura, devido ao Ciclo da Borracha.
Com isso, a região conquistou muita atenção das pessoas, havendo então a necessidade de um espaço grande destinado à arte, que comportasse um grande público, e foi assim que surgiu a ideia de construir um teatro.
Mas foi em maio de 1881 que a ideia real da construção saiu do papel, quando o deputado Antônio José Fernandes apresentou um projeto de lei, o qual defendia a necessidade de um espaço próprio para apresentações teatrais na cidade.
Em junho do mesmo ano, a lei foi sancionada e, com ela, foi autorizada a construção de um teatro de alvenaria. Para o projeto, foram chamados alguns profissionais para apresentarem um projeto de arquitetura, concorrendo entre si.
Após algumas paralisações nas obras e entraves, no dia 31 de dezembro de 1896, o Teatro Amazonas foi inaugurado, mesmo sem ter sua obra totalmente concluída, tanto na parte construtiva quanto na decoração.
Arquitetura e construção do Teatro Amazonas
Em sua construção, foram trazidos para o Brasil materiais e profissionais europeus, além deles, alguns profissionais brasileiros renomados fizeram parte dessa construção.
O Teatro Amazonas tem um estilo, predominantemente, renascentista, porém ele também conta com a presença de outros estilos arquitetônicos, tornando-o eclético. Isso porque os profissionais tentaram unir a sofisticação europeia com a exuberância da Floresta Amazônica, apresentando o conceito do local em que o Teatro estaria inserido.
A decoração da parte interna do teatro teve como responsável um brasileiro pernambucano chamado Crispim do Amaral, o único espaço interno em que ele não ficou responsável pela decoração foi o Salão Nobre, o qual ficou a cargo do artista italiano Domenico de Angelis.
O Teatro Amazonas, ao ser construído com tamanha riqueza de detalhes, tornou-se um marco para seu local de origem, tanto que, em 1966, foi tombado como Patrimônio Histórico Nacional.
Espaços internos do Teatro Amazonas
Sala de espetáculos
A sala de espetáculos é dividida em plateia e mais três pavimentos de camarote, que, somados, têm capacidade para atender 700 pessoas. O teto da sala é um show à parte, contando com quatro telas pintadas em Paris pela tradicional Casa Carpezot e representam a música, a dança, a tragédia e a ópera.
A tela que representa a ópera foi uma homenagem feita a um compositor brasileiro de ópera, chamado Carlos Gomes, autor de uma famosa obra chamada “O Guarani”. Além das quatro telas, a pintura ainda conta com uma ilustração que serve de suporte para uma das peças de destaque do salão, um belo lustre dourado com cristais venezianos.
No térreo da sala de espetáculos, existem grandes colunas com máscaras que homenageiam alguns importantes compositores e dramaturgos, entre eles estão Molière, Verdi, Rossini, Aristophanes e Mozart.
A brasilidade fica muito presente no Pana de Boca do Teatro Amazonas, onde o artista brasileiro Crispim do Amaral o confeccionou para descrever o encontro entre os rios Negro e Solimões.
Salão nobre
Era no salão nobre que aconteciam os grandes eventos sociais da época. O espaço chamava muito a atenção de todos, pois a decoração feita no salão não permitia que as pessoas olhassem apenas para um local, cada detalhe era muito especial e proporcionava diferentes percepções para seus visitantes.
O maior destaque é a pintura do teto, feita pelo artista Domenico de Angelis, no ano de 1899, batizada de A glorificação das Bellas Artes da Amazônia, que possui elementos clássicos e da região, de acordo com o olhar do artista.
Nas paredes do salão nobre, é representada umas das obras mais marcantes de José de Alencar, O Guarani, onde mostra Peri salvando Ceci. Nessas paredes, são retratadas também as belezas da floresta tropical e o avanço tecnológico da época, o barco a vapor.
Além disso tudo, o salão ainda conta com 12 mil pedaços de madeiras nobres encontradas no Brasil, como o pau-brasil, o jacarandá, o pau-marfim, o pinho-de-riga e o carvalho.
Museu do Teatro Amazonas
O Museu do Teatro Amazonas foi criado com o intuito de ajudar a contar a sua história, mostrando peças raras e equipamentos utilizados pelo Teatro em diferentes épocas.
Para contar sua história, o museu expõe maquetes de óperas do compositor alemão Richard Wagner, sapatilhas e outras peças utilizadas pelo bailarino amazonense Marcelo Mourão Gomes e de outros artistas que já se apresentaram no Teatro Amazonas.
Lá você também poderá encontrar vasos de porcelana, jarros ingleses, lâmpadas de 1896, escarradeiras holandesas em porcelana e programas de espetáculos que foram apresentados no final do século XIX.
Parte das peças do museu pode ser vista ao longo do seu percurso de visitação, porém, outras partes ficam em Reserva Técnica e são destinadas somente para estudos e eventuais mostras temporárias.
Cúpula
Outro ponto que chama muita atenção no Teatro Amazonas fica na sua parte externa ⏤ a famosa cúpula, construída com uma estrutura de aço e revestida com cerâmica policromada.
Ao total, são 36 mil peças de cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas vindas da Alsácia, na França, todas com as cores da bandeira do Brasil (verde, amarelo e azul).
A cúpula não faz parte do projeto original do Teatro Amazonas e, por isso, acaba destoando da arquitetura do prédio, a qual recebeu, na época, muitas críticas da imprensa. Porém, hoje em dia, é impossível pensar no Teatro sem a cúpula.
Curiosidades de eventos realizados no Teatro
O Teatro Amazonas sempre foi palco para manifestações artísticas e sempre deu um maior destaque para as produções locais. A Série Guaraná, por exemplo, foram apresentações da Orquestra Amazonas Filarmônica e Segundas no Palco com artistas locais, em que tanto o público quanto os artistas ficavam acomodados no palco, com uma nova perspectiva de apresentação.
O Teatro também já foi cenário para vários eventos de seu entorno e também já serviu de cenário para uma minissérie da TV Globo, Amazônia, e filmes como Fitzcaraldo e A Selva.
Grandes artistas também já passaram pelo Teatro Amazonas, tanto nacionais quanto internacionais. Entre eles, o compositor Heitor Villa-Lobos, o tenor José Carreiras e a bailarina Margot Fonteyn.
Uma curiosidade muito bacana é que o tenor Luciano Pavarotti cantou no palco do Teatro apenas para as pessoas que, no momento, estavam participando de uma visita turística, quando ele experimentava a acústica do Teatro Amazonas.
O Teatro Amazonas voltou a apresentar grandes espetáculos desde 1997, e desde então é palco para várias manifestações, como: o Festival Amazonas de Jazz, o Festival Amazonas de Dança, o Festival de Teatro da Amazônia, o Festival Amazonas de Música e o Amazonas Film Festival.
Visita guiada pelo Teatro Amazonas
Para quem tem curiosidade de saber mais sobre o Teatro Amazonas, existe a possibilidade de fazer uma visita guiada, as quais acontecem de segunda a sábado, das 9h às 17h, e tem um custo de R$ 10,00.
Nessa visita, os guias passam por vários ambientes do teatro, como a sala de espetáculos, o salão nobre, entre outros. Ao longo do trajeto, os guias contam curiosidades sobre a história do Teatro, a época da borracha, como os lugares do Teatro eram ocupados de acordo com sua relevância social, entre outros pontos interessantes.
Os visitantes são autorizados a andar apenas nos trechos do Teatro que são atapetados, para evitar qualquer dano nos pisos feitos em marchetaria. Ao longo do passeio, você pode ver vários bustos de personalidades da arte brasileira, a maquete do Teatro Amazonas feita com 30 mil peças de Lego, roupas que foram usadas em apresentações de ópera e instrumentos musicais antigos.
Por fim, você tem acesso ao antigo camarim dos artistas que lá se apresentaram, o qual fica no último pavimento do Teatro, um local que recria o ambiente da época da borracha. O espaço é bem pequeno e, por isso, os visitantes são divididos em grupos de cinco pessoas para poderem entrar e fotografar o ambiente.
Funcionamento
O horário de funcionamento do Teatro Amazonas é de terça a sábado, das 9h às 17h, para a entrada é cobrado um valor de R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia-entrada; para os amazonenses, a entrada é gratuita mediante a comprovação da naturalidade.
A entrada no espaço só está sendo permitida com a apresentação da carteirinha de vacinação contra COVID-19 e o uso de máscaras é obrigatório.
Ele está localizado na Av. Eduardo Ribeiro, nº 659, no Centro de Manaus.
Contatos
Você pode entrar em contato com o Teatro Amazonas através do e-mail: direcao_ta@culturamazonas.am.gov.br ou pelos telefones: (92) 3622-1880/3622-2420.
O Teatro Amazonas é só um dos belos lugares que a cidade de Manaus tem a oferecer. Uma cidade incrível para morar, cheia de história e belezas. Veja imóveis novos em Manaus:
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