Usina do Gasômetro, um patrimônio tombado
Por Beatriz Dilascio
29 dezembro 2020
A Usina do Gasômetro está localizada na cidade de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. Ela foi tombada como Patrimônio Histórico e Cultural pelo município e pelo estado. Hoje comporta o Centro Cultural Usina do Gasômetro, que é um dos espaços culturais mais importantes e conhecidos da cidade.
Este complexo arquitetônico recebeu esse nome pela sua proximidade com a antiga Usina de Gás de Hidrogênio Carbonado.
O começo da Usina do Gasômetro
A edificação foi projetada para gerar energia elétrica à base de carvão mineral e foi inaugurada em novembro de 1928 pelo grupo norte-americano Bond & Share. Localizado em um terreno conquistado ao Guaíba, na Praia do Arsenal.
Em 1974, a Usina encerrou suas operações com a geradora de energia e foi desativada. Em 1982, a Eletrobras transferiu o uso do terreno para o município e, no mesmo ano, a chaminé foi tombada pelo governo; no ano seguinte, o governo municipal tombou todo o prédio.
Essa edificação contribuiu para a modernização tanto da cidade de Porto Alegre quanto do Brasil, quando a industrialização nacional ainda estava iniciando.
A Usina do Gasômetro gerou energia, mas também contribuiu com a poluição do ar na cidade, até ser abandonada. A edificação ia deixar de existir, porém, a população mobilizou-se para evitar a destruição do prédio. Após um tempo, a antiga usina foi transformada em Centro Cultural, aberto em 1991 para a população.
De Usina do Gasômetro a Centro Cultural
Desde o princípio, a edificação teve uma grande importância histórica para a cidade e seus moradores. Para continuar existindo até hoje, foi necessário fazer algumas modificações.
Projeto da Usina do Gasômetro
Tudo veio da Inglaterra: o projeto, as máquinas e os materiais. A edificação foi uma das primeiras do Estado a ser feita de concreto armado, possuindo fechamento em alvenaria de tijolos.
O projeto era dividido em três casas: Casa das Caldeiras, Casa das Máquinas e Casa dos Aparelhos.
A Casa das Caldeiras tinha um pé-direito alto e foi construída por grandes pórticos. Após o recebimento do carvão, os trabalhadores distribuíam o combustível por gravidade aos cinco fornos que havia no térreo.
A Casa das Máquinas tinha apenas um piso, dividido por blocos de concreto, que serviam de apoio para os turbogeradores. No nível abaixo havia um conjunto de tanques para refrigerar os equipamentos. Acima ficava a sala dos turbogeradores e, mais acima, existia um lanternim, que é uma estrutura metálica instalada nos telhados dos galpões na parte mais alta da edificação.
Na Casa dos Aparelhos havia transformadores de distribuição, administração e serviços, coberta por um grande terraço de 780 m².
Como a emissão de fuligem acarretava muitos problemas, a chaminé foi construída em 1937 para amenizar essa situação. Com 117 metros de altura, tornou-se um marco na paisagem da cidade.
Transformação em Centro Cultural
Após a usina ser desativada e o edifício, tombado, aconteceu uma primeira reforma e, em 1991, o edifício começou a funcionar como Centro Cultural, sediando importantes eventos e exposições.
Em 1995, tornou-se o Centro Cultural Usina do Gasômetro (CCUG). Possui seis pavimentos e uma área com mais de 11 mil m², contando com cinema, auditórios, sala de exposições, salas multiuso, laboratório fotográfico, estúdio de gravação, videoteca, um centro de documentação com biblioteca etc.
Após sua segunda reforma, o CCUG foi palco de grandes exposições do Grupo RBS e, no ano de 2007, recebeu um público expressivo. Ou seja, os anos 2000 foram um período muito bom para o Centro Cultural Usina do Gasômetro, assim como para Porto Alegre, com exaltação da cultura e da política.
Nova reforma do CCUG
Após ficar fechado por dois anos, desde o final de 2017, depois de passar por tempos marcados pela redução de eventos e de público e também por obras no entorno, o Centro Cultural Usina do Gasômetro receberá uma reforma para a recuperação, qualificação e modernização do local.
A edificação foi interditada pelo Corpo de Bombeiros por problemas no Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI), pois sua estrutura física já estava bem precária.
O edital, lançado pela prefeitura de Porto Alegre, prevê para a reforma uma obra completa do prédio, que vai validar a edificação do térreo até o sexto andar com obras que facilitem a locomoção em seu interior e tendo um cuidado especial com o PPCI.
Após a revitalização, a entrada principal será tranferida da Avenida João Goulart para a área da Orla. Na nova entrada serão colocados alguns bancos externos para descanso.
Esse projeto de recuperação da Usina do Gasômetro faz parte da revitalização da Orla do Guaíba, onde ela está inserida.
O teatro, que anteriormente ficava no terceiro andar, agora ficará no térreo. Estão previstas a abertura de um restaurante e do Teatro Elis Regina, que já é esperado há muito tempo por todos e que terá capacidade para 300 pessoas.
Além de tudo isso, a Usina terá duas novas escadas: uma delas dará acesso ao terraço do prédio e a outra será voltada para os trilhos do aeromóvel.
A ideia é que, com as operações comerciais no entorno, a Usina do Gasômetro possa se tornar financeiramente sustentável.
Curiosidade
A Usina do Gasômetro é um dos pontos turísticos mais tradicionais de Porto Alegre para ver o famoso pôr do sol da cidade às margens do Lago Guaíba.
Além disso, o local possui uma praça de variedades, com dois cafés, uma choperia, um centro de informações turísticas, núcleo de documentação com biblioteca e também acesso gratuito ao wi-fi.
Seu horário de funcionamento é: de terça a sexta das 9 h às 21 h; sábados e domingos das 10 h às 21 h.
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