Suíte Vollard – Que prédio é esse?
Por Lucas Vogan
19 novembro 2019
Você conhece o Suíte Vollard?
Se os planos da construção de um prédio giratório em Dubai impressionam, o que você dirá ao descobrir que o primeiro prédio giratório foi construído no Brasil e inaugurado em 2004?
O primeiro do mundo
É isso mesmo, o primeiro prédio giratório do mundo, o Suíte Vollard, foi construído em Curitiba, no Paraná.
O projeto pioneiro, feito em 1997, saiu do papel e, em 2004, esse edifício-conceito nasceu. Projetado pelo arquiteto Bruno de Franco, a estrutura possui 11 andares, sendo um apartamento por andar.
O centro da estrutura é fixo e nele se concentram os aposentos que precisam de encanamento: a cozinha e o banheiro.
No edifício existe um anel externo que gira impulsionado por um motor de 40 cavalos. Cada andar pode se mover de maneira independente nos sentidos horário ou anti-horário, e o arquiteto garante que a manutenção é quase nula, pois há pouco atrito no movimento.
O giro completo do Suíte Vollard é feito em uma hora e pode ser ativado por comandos de voz, ou por um painel eletrônico instalado na parede, que controla também luz, ar-condicionado e sistemas de segurança.
Após esse anel giratório, uma sacada panorâmica envolve cada apartamento, permitindo que se aproveite a vista de qualquer cômodo enquanto o apartamento gira.
Uma lareira localizada na coluna fixa pode estar presente em qualquer ambiente conforme o apartamento se move.
“No anúncio tem que colocar: todos os ambientes possuem lareira”, brinca o arquiteto Bruno de Franco.
Um ícone abandonado
Em sua inauguração, em 2004, o Suíte Vollard chamou bastante atenção em Curitiba e até mesmo internacionalmente. Hoje, na capital paranaense, todos conhecem o prédio que gira.
Apesar de atrair toda essa atenção, não atraiu moradores.
Construído pela extinta construtora Moro, no bairro Ecoville, uma das regiões mais valorizadas da cidade, o empreendimento nunca abrigou nenhum morador, e assim permanece 15 anos depois de sua inauguração.
O principal motivo apontado para a ausência de compradores foi o preço, equivalente a R$ 2.700 por metro quadrado, enquanto a média da região era de R$ 1.448.
O edifício foi taxado como “Mocó mais caro do mundo”, com cada apartamento avaliado em R$ 2,376 milhões.
Em seguida, problemas judiciais ligados à construtora só pioraram a situação e impediram que a empresa vendesse os apartamentos.
Uma ação coletiva movida contra a construtora fez o Suíte Vollard ir a leilão. A venda acabou não acontecendo, mas outras medidas judiciais foram tomadas, fazendo com que esse projeto inovador ficasse desabitado.
Enquanto era transferido para uma nova administradora, em 2012, o prédio ficou abandonado e acabou sendo alvo de vândalos e ponto de encontro para o uso de drogas.
Hoje, o Suíte Vollard está nas mãos da empresa Inepar Administração e Inovações, que solicitou vigilância 24 h para que o empreendimento não fosse vandalizado.
O sonho não morreu
Por causa de problemas judiciais e de dívidas tributárias o prédio está parado, ou seja, mesmo que alguém queira comprar um apartamento, não é possível.
Há, porém, planos para reformar o Suíte Vollard e colocá-lo em funcionamento. Ainda se estuda o que fazer: vender como apartamentos, transformá-lo em um hotel, prédio de escritórios ou um espaço de coworking.
É preciso esperar para ver qual será o destino do famoso prédio que gira em Curitiba e torcer para que ele não se torne apenas uma ideia inovadora que enfeita a paisagem.
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