Museu de Arte do Rio (MAR) – Que prédio é esse?
Por Nathália Zanardo
17 fevereiro 2021
O Museu de Arte do Rio (MAR) pode ser considerado um símbolo das transformações de uma área degradada da cidade do Rio de Janeiro, unificando dois edifícios completamente distintos.
O projeto tem o objetivo de levar arte e cultura para a comunidade e, ao mesmo tempo, recuperar duas edificações de caráter histórico.
Parte da requalificação de uma área
Com objetivo de recuperar a degradada Região Portuária da cidade do Rio de Janeiro e criar um novo polo comercial e turístico, foi criado, em 2009, o projeto Porto Maravilha, fruto de uma Operação Urbana Consorciada prevista no Estatuto da Cidade para revitalização de áreas degradadas.
O prazo de 30 anos para a conclusão e a previsão de gastos estimados em 8 bilhões foram resultados de uma parceria entre o poder público e a iniciativa privada, maneira encontrada para resolver problemas pontuais nessa área esquecida.
O projeto foi planejado para recuperar 5 milhões de metros quadrados da Região Portuária, mantendo as características e a identidade do local, visando a infraestrutura urbana, transportes, meio ambiente e patrimônios histórico e cultural.
Assim, seu programa básico consiste na recuperação da infraestrutura local, priorizando a qualidade de vida, portanto prevê a reurbanização de vias, a implantação de novas ciclovias, a inserção do transporte coletivo e a criação de novos edifícios culturais.
Nesse contexto de grandes transformações, os edifícios símbolos da requalificação desse espaço são o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu do Amanhã, importantes patrimônios culturais, que têm o papel de impulsionar o movimento na região através das artes.
O projeto do Museu de Arte do Rio (MAR)
O Museu de Arte do Rio pode, no mínimo, ser considerado um projeto intrigante. Do lado direito, uma construção datada do início do século 20; do esquerdo, um edifício modernista dos anos 1940; e acima de ambos, uma cobertura fluida e ondulada.
Inaugurado em 1º de março de 2013, o Museu de Arte do Rio faz parte do conjunto de transformações da área portuária, promovendo a inovação através de um projeto que une arquiteturas históricas ao estilo contemporâneo.
Com dois edifícios completamente diferentes, o complexo tem duas funcionalidades distintas, mas complementares ⏤ um museu e uma escola ⏤, assim permitindo uma horizontalidade e uma integração entre a arte e a educação.
O projeto arquitetônico do Museu de Arte do Rio é assinado pelo escritório Bernardes + Jacobsen. Com cerca de 15 mil metros quadrados, os edifícios abrigam salas de exposições, área administrativa, salas de atividades, auditório, terraço, entre outros espaços.
A história dos edifícios
Com dois edifícios de características arquitetônicas distintas, o grande desafio do projeto do Museu de Arte do Rio foi conseguir uma unificação entre os estilos, recuperando a história, mas dando o ar contemporâneo à obra.
O primeiro dos edifícios é o Palacete Dom João VI, um projeto de 1910 o qual apresenta um estilo eclético, que valoriza a recuperação de aspectos de construções históricas e a mistura entre estilos arquitetônicos, assim representando elementos das arquiteturas clássica, medieval, renascentista, barroca e neoclássica.
O Palacete Dom João VI foi tombado e considerado um patrimônio histórico em 2000, mas isso não impossibilitou a degradação da construção. O projeto do Museu de Arte do Rio restaurou e recuperou a fachada de um edifício histórico emblemático.
O segundo edifício apresenta linhas modernistas, construído nos anos 1940, já abrigou o terminal rodoviário do Rio de Janeiro e depois funcionou como Hospital da Polícia Civil.
O Museu de Arte do Rio
Devido aos amplos pés-direitos em seus andares e uma planta com estrutura mais livre, o Palacete Dom João VI foi escolhido para abrigar a função de museu. Seus quatro pavimentos passaram a sediar salas de exposição, permitindo que o contato com a história fosse além das obras de arte, mas também com a arquitetura histórica do edifício.
Escola do Olhar
O antigo terminal rodoviário foi escolhido para ser a parte educativa e administrativa do complexo, funcionando como a Escola do Olhar, uma inserção da arte e da educação para toda a comunidade.
Com lojas, administração, salas de atividades, oficinas, área dos funcionários, auditório, biblioteca, bistrô e terraço, a edificação foi a que sofreu mais transformações estéticas. Para que sua altura ficasse mais harmônica com a do Palacete Dom João VI, um pavimento foi retirado.
As características modernistas foram mantidas através da estrutura, já os fechamentos em alvenaria da fachada foram substituídos por vidros translúcidos, que, além de proporcionar grande entrada de iluminação natural para o edifício, possuem coloração verde azulada, a qual remete ao local em que a construção está inserida, perto do mar.
Unificando os edifícios
Criar a dinâmica entre os edifícios foi o ponto-chave do projeto, começando pela definição dos fluxos entre a Escola do Olhar e o Museu de Arte do Rio. O acesso ao complexo é feito através de uma praça entre as edificações e, para conseguir chegar ao museu, o visitante deve entrar no edifício educativo e, através de elevadores, ir direto para a cobertura.
A cobertura da Escola do Olhar possui um terraço com vista privilegiada para a Praça Mauá e o Museu do Amanhã. Além de proporcionar bela paisagem, a cobertura abriga um bistrô que permite aproveitar momentos de lazer e gastronomia.
Pela cobertura, o visitante consegue acessar o Museu de Arte do Rio através de uma passarela suspensa, que integra as duas edificações, fazendo a conexão entre dois estilos distintos com um elemento contemporâneo.
O grande marco do projeto é a conexão entre os edifícios, demonstrando que ambos pertencem a um complexo e apresentam atividades complementares pela cobertura sinuosa em suas coberturas.
A cobertura de concreto armado pode ser vista de diversos pontos da região, proporcionando diferentes espacialidades. Com forma abstrata, é extremamente delicada e leve, assemelhando-se à ondulação da água, reafirmando mais o local de inserção do projeto e carregando um significado simples e poético.
Outro ponto importante do projeto do Museu de Arte do Rio fica na parte posterior das edificações: a marquise da antiga rodoviária é um elemento tombado que foi inserido no projeto, sendo utilizada para banheiros, loja, café, depósitos e região de carga e descarga.
Com um projeto com certificação LEED que comprova a sustentabilidade da construção, o Museu de Arte do Rio concorreu a diversas premiações e, em 2014, ganhou, na categoria museu, o Architizer A+ Awards, importante prêmio internacional no ramo da arquitetura.
Visite o Museu de Arte do Rio (MAR)
Inserido em uma área de diversas transformações, o projeto do Museu de Arte do Rio (MAR) nasce com imenso caráter ressignificativo, tornando-se uma importante obra que insere a cultura e a arte no cotidiano da população.
Com fácil acesso através de ônibus, metrô, trem, barca e bicicleta, o complexo permite visitas e é uma ótima opção para quem quer conhecer essa tão transformada área da cidade. Caso tenha tempo, aproveite a visita para passar também na Praça Mauá e no Museu do Amanhã.
Horários de visitação: quinta a domingo, das 11h às 18h.
Endereço: Praça Mauá – Centro – Rio de Janeiro.
Contato: (21) 3031-2741.
Quer deixar um comentário ou relatar algum erro?Avise a gente