Galeria do Rock – Que prédio é esse?
Por Giovana Costa
04 junho 2020
Se você mora em São Paulo, provavelmente já deve ter visto a Galeria do Rock. Se é fã de música, certamente já a visitou ao menos uma vez.
Localizada no centro histórico de São Paulo, a Galeria do Rock é uma das maiores referências culturais e arquitetônicas da cidade, ainda mais para quem curte música. Seja rock n’ roll, hip-hop, rockabilly, trap, heavy metal, rap ou outros gêneros, o local é um verdadeiro paraíso musical.
Além da diversidade de gêneros musicais, a Galeria do Rock também abriga diversas tribos urbanas dentre seus visitantes e lojistas. São vários tipos de comércio, inúmeros produtos, num prédio com vista para parte do Centro de São Paulo, como o Largo do Paissandu e a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, por meio das amplas varandas existentes em todos os andares.
Shopping Center Grandes Galerias
O projeto foi criado na década de 1950, pelos arquitetos e incorporadores Maria Bardelli e Ermanno Siffredi, e pela construtora Alfredo Mathias. A inspiração surgiu das curvas de Oscar Niemeyer. Os mosaicos nos pisos foram feitos pelo pintor italiano Bramante Buffoni.
A ideia era criar um espaço exclusivo para o comércio no Centro de São Paulo. Inicialmente, seria chamado de “Shopping Center Grandes Galerias”, ainda que muitas pessoas também o chamassem de “Galeria 24 de Maio”.
Inaugurado em 1963, numa época em que a região era considerada um antro da intelectualidade paulistana, a chamada “Cinelândia Paulista”, o prédio era considerado o maior centro comercial da cidade.
O nome “Galeria do Rock” surgiu espontaneamente, a partir do próprio público, conforme o emblemático centro comercial ia tomando forma, recebendo mais lojas e cada vez mais clientes.
A primeira loja a se instalar foi a Wop Bop Discos, mas mudou de endereço em 1978. No mesmo ano, a Baratos e Afins, uma das mais tradicionais lojas de discos da galeria, instalou-se e permanece até hoje, sendo uma das preferidas de quem busca raridades e itens de colecionador. (Aliás, fica a dica: se estiver procurando um disco de vinil raro, já sabe onde achar!)
Cena musical underground
A Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e a cultura black têm uma ligação direta com a expansão da diversidade dentro da Galeria do Rock. As pessoas que frequentavam a igreja iniciaram a difusão da cultura a partir da produção das calças boca de sino, um sucesso na década de 1970, além de toda a identidade black que começou a surgir.
A partir desse momento, outros grupos da cena underground passaram a frequentar o local, já que perceberam que ali era um espaço onde as culturas menosprezadas pela mídia e pela sociedade conseguiam se difundir e encontrar sua própria expressão, sem qualquer tipo de repressão.
Desde então, o espaço tornou-se uma referência da cena underground em diversas culturas, como hip-hop, grafite, black, gótico, skate, dentre outras. E, assim, passaram a ser mais reconhecidas, contribuindo com uma ampliação cultural não só local, mas também na cidade de São Paulo.
Já na metade dos anos 1980, a Galeria do Rock passou a ganhar mais público, por conta dos principais lançamentos de bandas como Metallica, Black Sabbath, Iron Maiden, Megadeth, Motörhead, entre outras. Com isso, passou a atrair os fãs de heavy metal: os chamados headbangers.
E, apesar da diversidade de cenas que tranquilamente coexistem no edifício, nem sempre foi assim. No passado, a convivência entre punks, góticos, skinheads, headbangers, dentre outros grupos (inclusive membros de torcidas organizadas), não era tão pacífica e, algumas vezes, tornava-se um pouco complicada, motivo pelo qual muitas brigas aconteciam.
Toninho, o salvador da Galeria do Rock
Fotógrafo, jornalista e dono de loja, Antonio de Souza Neto cuida da Galeria do Rock há mais de 40 anos. Conhecido como Toninho da Galeria, ele foi o principal responsável pelas mudanças que aconteceram no prédio, fazendo com que o legado cultural se sobressaísse.
Ao final dos anos 1980, o edifício não tinha muita segurança, estava mal iluminado e ainda era palco de briga de gangues, dentre outros problemas. Em 1993, Toninho, que já trabalhava em uma loja no local, assumiu o cargo de síndico com o apoio de outros lojistas.
Ele renovou as instalações elétricas, limpou o local, trocou as lâmpadas e deu uma nova cara para o edifício, pintando as paredes e adicionando alguns detalhes.
Com a revitalização, ele passou a fazer parte da administração, trazendo um clima mais tranquilo para o ambiente e propiciando a abertura de novas lojas. Desde então, o prédio passou a ter um ar bem mais familiar, mas, claro, sem perder a essência.
Estilo para todos os gostos em cada andar da Galeria do Rock
Sua moderna arquitetura, formada por belas curvas e interessantes vãos, permite que o interior do prédio seja observado pelas pessoas que estão do lado de fora. Enquanto quem caminha por dentro do prédio ondulado de quatro andares pode apreciar uma ampla vista da cidade.
No subsolo e no térreo é possível encontrar muitas lojas voltadas ao público do hip-hop. Existem diversas opções de tênis, vestuário, novidades e tudo o que há de melhor no universo do skate, além de salões de cabeleireiro e lojas de instrumentos.
No segundo e no terceiro andar está o paraíso dos discos. Existem vários discos de vinil, itens de colecionador, além de CDs, DVDs, pôsteres, acessórios, vestuário, itens de decoração, estúdios de tatuagem e até lanchonete. A variedade é realmente surpreendente, existem lojas para diversos públicos, desde o rockabilly até o hardcore.
Também existem muitas lojas para o público geek que curte filmes, séries, histórias em quadrinhos, jogos e mangás. É possível encontrar vários itens raros e também decorativos.
No quarto andar há diversas estamparias, lojas de serigrafia e arte em geral. Então, se você quer fazer sua camiseta personalizada ou estampar sua jaqueta favorita com um bordado interessante, lá é o lugar.
Há opções para todos os gostos e estilos. Existem, em média, 450 lojas na Galeria do Rock.
Jardim do Rock
E se você acha que a cidade já era interessante vista das varandas, espere só até visitar a cobertura da Galeria do Rock! Sim, é isso mesmo. O prédio também possui um rooftop.
Além do rock n’ roll e da variedade de estilos, a Galeria do Rock também oferece um espaço tranquilo em meio à selva de pedra.
Trata-se do Jardim do Rock. Inaugurado em 2016 e localizado na cobertura do edifício, é formado por uma horta orgânica, que ocupa grande parte da área total de 400 m².
No espaço acontecem visitações, cursos sobre manejo de hortas, aulas sobre agricultura orgânica, atividades socioculturais e até feiras de troca que promovem o consumo consciente.
Na cobertura da Galeria também é possível tomar um drink ou até mesmo fazer uma tatuagem no espaço Galeria Ink, que ainda promove shows, exposições e até oficinas.
A Galeria do Rock é muito mais!
Além das compras, da horta, das tatuagens, da vista e também dos encontros que promove, a Galeria do Rock é um marco cultural na cidade de São Paulo. Por esse motivo, o Instituto Cultural da Galeria do Rock foi criado em 2001, justamente para fomentar e expandir todo esse impacto.
O Instituto Cultural da Galeria do Rock tem como objetivo promover a conservação do patrimônio histórico e artístico da cidade. E isso é feito por meio de atividades culturais e socioculturais que acontecem na Galeria do Rock (incluindo o Jardim do Rock). É possível conhecer algumas delas acessando a programação oficial.
A Galeria do Rock é tombada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).
Visite a Galeria do Rock
Horário de funcionamento: Segunda à sexta das 7h30 às 19h30 | Aos sábados das 7h30 às 18h.
Endereço: Av. São João, 439 – Centro Histórico de São Paulo | CEP: 01035-000
O que levar: Dinheiro ou cartão de débito/crédito para fazer compras. Smartphone ou máquina fotográfica para registrar a arquitetura da Galeria do Rock com várias fotos.
Telefone: (11) 3331-1530
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