Edifício Martinelli – Que prédio é esse?

O Edifício Martinelli ficou conhecido como uma das construções mais icônicas da cidade de São Paulo. Afinal, uma imponente edificação de 105 metros de altura não poderia passar despercebida.

Considerada a construção mais alta da América Latina quando foi inaugurada, a edificação também foi o primeiro arranha-céu de São Paulo. E como resultado, o prédio impulsionou o movimento de verticalização na cidade. 

Mesmo sendo considerado um marco para a arquitetura paulista, sua construção passou por diversas dificuldades, levando até mesmo a paralisação da obra devido à insegurança quanto à altura da edificação.

Ficou curioso para saber um pouco mais sobre esse respeitável patrimônio da cidade de pedra? Confira, a seguir, um conteúdo exclusivo sobre a história e a construção do Edifício Martinelli!

Mesmo que o Edifício Martinelli tenha sido inaugurado em 1929, sua história começa em 1889, quando Giuseppe Martinelli, seu grande idealizador, desembarcou no Brasil. 

Nascido em 1870, na região da Toscana, na Itália, Giuseppe vinha de uma família tradicional da construção. Em 1889, com objetivo de ter uma vida melhor, ele veio acompanhado de seu irmão mais velho para o Brasil, mas inicialmente desembarcando no Porto do Rio de Janeiro.

Eventualmente o imigrante italiano se mudou para a cidade de Santos, onde seu invejável patrimônio começou a ser construído.

Como resultado de duas décadas de trabalho, Giuseppe acumulou uma respeitável fortuna, que incluía a empresa mais importante de navegação de Santos.

Contudo, seu grande sonho era construir um arranha-céu que marcasse a história do Brasil e da América Latina. E, assim, Giuseppe decidiu construir o tão famoso e polêmico Edifício Martinelli.

Localizado entre as vias Rua São Bento, Avenida São João e Rua Líbero Badaró, a construção estaria em uma das áreas consideradas mais nobres da cidade. Visando a alta classe de São Paulo, a edificação atenderia quem morava e trabalhava no centro.

Para realização do projeto do Edifício Martinelli, o arquiteto húngaro William Fillinger foi contratado para conceber um prédio que inicialmente teria 12 andares. Quando a construção começou, Giuseppe pediu para os trabalhadores realizarem uma fundação que suportasse 30 andares.

Esse pedido permitiu que o idealizador aumentasse cada vez mais o número de andares construídos, chegando a 24 andares. Mas essa atitude de Giuseppe causou pânico na população, levando a obra a ser paralisada pela prefeitura. Afinal, a obra não tinha licença e estava desrespeitando as leis municipais.

Proibido de continuar a obra, Giuseppe Martinelli reuniu uma série de documentos para provar que o projeto era seguro e não iria desabar. Assim, uma comissão técnica analisou e garantiu que o prédio era seguro, mas limitou a altura em 25 andares.

Com a aprovação da Prefeitura de São Paulo, as obras começaram a ser retomadas, mas uma notícia mudou a ideia de Giuseppe. Quando descobriu que um edifício de 28 andares estava sendo construído em Buenos Aires, ele decidiu retornar suas obras apenas quando o edifício argentino estivesse finalizado. 

O objetivo de Giuseppe era construir um prédio de 30 andares, mas com as limitações da prefeitura esse sonho teria que ser deixado de lado. Mas como um visionário, ele teve uma ideia inovadora para construir a edificação mais alta da América Latina. 

Assim como Gustave Eiffel, ele decidiu que o topo do Edifício Martinelli abrigaria sua residência. Com cinco andares e com uma atmosfera de vila italiana, sua residência iria abrigar diversos cômodos, além de salão de festas e uma ampla área livre que possibilitaria vista para as quatro zonas da cidade.

O Edifício Martinelli foi oficialmente inaugurado em 1929, contudo sua obra estava incompleta, com 90% da construção finalizada. Mas Giuseppe já estava morando no prédio, assim como outros moradores e serviços que ocupavam parte da edificação.

Como resultado da quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929, Giuseppe acabou perdendo sua fortuna e não teve como arcar com os custos de finalização da obra e as despesas da manutenção.

Por isso, ele decidiu recorrer a um banco italiano para um empréstimo com o objetivo de finalizar a construção. Mas sem conseguir vender o número de apartamentos necessários para quitar sua dívida, Giuseppe teve que ceder o Edifício Martinelli para o governo italiano em 1933.

Depois que a construção passou a ser do governo italiano, ela passou a ser chamada de Edifício das Américas. Eventualmente, em 1943, a justiça brasileira confiscou todos os bens dos italianos devido à Segunda Guerra Mundial e o edifício, que passou a ser do Banco do Brasil.

Posteriormente, o Banco do Brasil leiloou a edificação, que acabou com 103 proprietários. Com a falência do hotel São Bento, o qual ocupava 11 andares da construção, os apartamentos começaram a ser vendidos de maneira irregular.

Com três mil pessoas morando de maneira irregular, o edifício passou a enfrentar um verdadeiro colapso, tornando-se praticamente um cortiço onde até crimes aconteciam.

Apenas em 1975, o novo prefeito da cidade de São Paulo, Olavo Setúbal, desapropriou a construção e começou um projeto de revitalização do edifício, que estava quase abandonado. 

O responsável pelas obras de revitalização foi o engenheiro Walter Merlo com uma equipe de 640 trabalhadores.

Nesse momento, os sistemas hidráulico e elétrico foram substituídos, a fachada passou por uma limpeza, um novo sistema de incêndio foi instalado, assim como novos elevadores. 

E, em 1979, o Edifício Martinelli foi reinaugurado e passou a abrigar repartições municipais como Emurb, Secretaria de Habitação, Sindicato dos Bancários de São Paulo e a Cohab. 

Considerado um marco na verticalização de São Paulo, o Edifício Martinelli foi responsável por apresentar um novo estilo de construção para a cidade. Afinal, edificações com mais de cinco andares não eram comuns.

Assim, essa inovadora edificação também foi responsável para que a cidade de São Paulo iniciasse um processo de mudança e futuramente ganhasse o status de metrópole. 

Na mesma época em que o visionário projeto começou a ser erguido em São Paulo, a ideia dos arranha-céus estava começando a surgir em Nova Iorque, nos Estados Unidos, com o Chrysler Building e o Empire State. 

Com um terreno de 2.000 m², o Edifício Martinelli foi construído no centro da cidade visando a atingir a alta classe social que ali vivia e trabalhava. 

Por isso, a edificação foi projetada para ser única e impressionar a todos. Com uma imponente altura de 105 metros e com uma rica ornamentação, a construção levou quase seis anos para ser finalizada.

Para a realização do emblemático Edifício Martinelli, uma grande equipe precisou ser contratada. Com mais de 600 operários para construção e 90 artesãos, italianos e espanhóis, para finalizar os luxuosos acabamentos da fachada.

Utilizando uma técnica construtiva mista entre alvenaria de tijolos e estrutura de concreto, o Edifício Martinelli incorporava os melhores materiais e métodos da época em sua construção.

O cimento utilizado foi importado da Suécia e da Noruega, enquanto seus elevadores vieram da Suíça. Além disso, a complexidade dos cálculos estruturais levou à importação de uma máquina de calcular da Alemanha.

Para trazer todos esses materiais e tecnologias, Giuseppe Martinelli usou sua própria companhia marítima como importadora.

Com diversas referências, o projeto assinado por William Fillinger pode ser considerado uma obra do estilo eclético. Afinal, traços da arquitetura francesa beirando o Art Déco podem ser encontrados em toda a construção.

O Edifício Martinelli possui uma divisão típica da arquitetura clássica, com três partes básicas bem marcadas: embasamento, corpo e coroamento.

A famosa fachada do Edifício Martinelli foi assinada pelos irmãos Lacombe, responsáveis por criar uma ornamentação luxuosa e rica em detalhes que desperta a curiosidade. 

Caracterizada pela sua tonalidade rosada, o corpo da edificação foi pintado em três tons de rosa e recoberto por uma massa da mesma cor. Feita com uma mistura de vidro moído, cristal de rocha, areia e pó de mica, essa cobertura permite que a fachada do Edifício Martinelli fique cintilante durante a noite.

A estrutura bem marcada e a ornamentação cheia de detalhes levou o famoso escritor Oswald de Andrade a apelidar o Edifício Martinelli de “bolo de noiva”.

Os detalhes extremamente requintados do interior demonstram a luxuosidade do prédio. Com portas de pinho de Riga, escadas de mármore de carrara, vidros, espelhos e papéis de parede belgas, louça sanitária inglesa e molduras de gesso em arabescos. 

As portas e as janelas encontradas atualmente no Edifício Martinelli são as mesmas de sua inauguração. Além disso, o piso do famoso terraço permanece 80% original, enquanto todos os lustres tiveram que ser substituídos por réplicas. 

Desde sua construção, o Edifício Martinelli teve diferentes usos dentro do seu espaço, o que permitiu que a edificação fizesse parte da vida de diversos paulistanos durante todos esses anos.

Enquanto a edificação ainda estava em obras, uma construção vizinha acabou sendo danificada, então Giuseppe decidiu comprar o imóvel. Após a compra, ele transformou o espaço em um grandioso e luxuoso cinema chamado de Cine Rosário. 

Durante a Revolução de 1932, o Edifício Martinelli foi utilizado para abrigar armamentos e baterias antiaéreas devido à sua altura. Os equipamentos armazenados possuíam o intuito de defender São Paulo das forças do Governo da República.

Logo após a saída de Giuseppe Martinelli e sua família do edifício, parte da edificação passou a abrigar a famosa casa noturna Night and Day. Com o passar do tempo, a construção abrigou outras boates, como o Club 220, especializado em bailes de Black Music. 

Antigamente o Edifício Martinelli oferecia uma visita monitorada para quem tivesse curiosidade de conhecer o prédio. Nessa visita, além de admirar o belo mirante, os visitantes podiam conhecer os cômodos da casa de Giuseppe e sua família.

Infelizmente essa visita foi temporariamente suspensa, mas se você deseja muito ter essa experiência, a dica é ficar atento ao site oficial ou ao Instagram. Esses dois canais estão sempre sendo atualizados, então caso as visitações voltem você vai estar por dentro!

Mas isso não significa que você não pode fazer uma visita ao famoso Edifício Martinelli. Afinal, esse prédio que nasceu do luxo e glamour nunca vai perder seu charme, nem que seja apenas de fora. 

Situado no centro histórico da cidade de São Paulo, por que não aproveitar para visitar o Edifício Martinelli por fora e conhecer outros ícones da arquitetura paulista?

Próximo da edificação você encontra o Edifício Altino Arantes (mais conhecido como Banespa), o Pateo do Collegio, o Centro Cultural Banco do Brasil, o Viaduto do Chá, o Theatro Municipal e, até mesmo, o famoso Mercado Municipal de São Paulo.  

Além disso, a poucos minutos de caminhada do Edifício Martinelli você também encontra algumas das melhores opções gastronômicas de São Paulo. Como o famoso Salve Jorge, o renomado Bar dos Arcos, a encantadora Casa de Francisca

 e o delicioso Café Girondino.

Uma região que vale a pena ser visitada para vivenciar a verdadeira cultura e gastronomia paulistana!

O Edifício Martinelli está localizado na Rua São Bento n° 405, um dos endereços mais emblemáticos no centro histórico da cidade de São Paulo. Próximo à Avenida São João e à Rua Líbero Badaró.

Essa excelente localização permite que você chegue facilmente ao Edifício Martinelli, de carro, transporte público e até de bicicleta. 

As estações mais próximas de metrô são a São Bento (Linha Azul), a apenas 2 minutos de caminhada, a estação Sé (Linha Vermelha), que está a 7 minutos a pé, e a estação República (Linha Amarela), a 12 minutos de caminhada.

No entorno do Edifício Martinelli, você encontra diversos pontos de ônibus, sendo uma excelente opção de transporte público. Além disso, se você deseja um meio de locomoção mais fácil para aproveitar o centro da cidade, as bicicletas são excelentes opções, já que existem diversas ciclovias e ciclofaixas.

Mas se o carro for a única opção para você, não fique desesperado, mesmo que você tenha que passar por alguns congestionamentos, a Rua Líbero Badaró conta com diversos estacionamentos.

Endereço da entrada principal: Rua São Bento, n° 405 – Centro Histórico de São Paulo – SP, 01011-100

O que levar: celular para tirar foto do emblemático edifício e cartão para aproveitar os restaurantes e os passeios que a região do centro oferece. 
Telefone: (11) 3116-2777