Carla Juaçaba — Biografia e obras

Carla Juaçaba — Biografia e obras
Victória Baggio

Por Victória Baggio

22 junho 2020

Carla Juaçaba, arquiteta carioca, vem conquistando o mundo com a particular leveza e a precisão de sua obra. 

Premiada internacionalmente, suas obras vão além da arquitetura construída, passando pelo campo artístico em exposições, investigativo em pesquisa na área, e docente em renomadas escolas na Europa. 

O percurso internacional de Carla Juaçaba

Carla Juaçaba nasceu em 1976, no Rio de Janeiro, cidade onde cresceu, estudou e começou a carreira como arquiteta. Ela formou-se em arquitetura na Universidade Santa Úrsula, em 2000, cujo perfil experimental explica o modo de projetar da arquiteta, de caráter exploratório e investigativo. 

Enquanto estudante universitária, Carla trabalhou com a arquiteta Gisela Magalhães, que é da geração de Niemeyer, no campo das exposições, área de interesse e trabalho da arquiteta, que apresenta projetos artísticos ao redor do mundo.

Após se tornar arquiteta, Carla abriu um escritório próprio no Rio de Janeiro, onde iniciou a prática de arquitetura e pesquisa de modo independente. Nessa época surgiram seus primeiros projetos: casas aconchegantes tanto na cidade quanto no interior do estado fluminense.

Carla Juaçaba.
Carla Juaçaba. Fonte: Pin-up Magazine

Ao longo dos últimos anos, Carla Juaçaba alcançou importante relevância internacional na arquitetura. Em 2013, a arquiteta foi premiada com a primeira edição do prêmio internacional de arquitetura para mulheres, o ArcVision Women and Architecture. Mais recentemente, em 2018, Carla venceu o AR Emerging Architecture Awards, prêmio destinado a jovens profissionais da área. 

Além disso, a arquiteta também participou de bienais de arte e arquitetura; em 2012 e em 2019 foi júri da Bienal Iberoamericana de Arquitetura e Urbanismo (BIAU), em Madri; em 2018, Carla Juaçaba foi convidada para a Bienal de Arquitetura de Veneza, com o projeto Ballast e de uma das capelas do Vaticano para o Pavilhão da Santa Sé.

Atualmente, Carla Juaçaba mora em Londres, onde se situa a sede do seu escritório. É na Europa que se localiza o trabalho da arquiteta, que, além de projetos, leciona em renomadas universidades, como a Accademia de Mendrisio, na Suiça.

Uma arquitetura leve e, ao mesmo tempo, intrínseca ao seu contexto

Carla Juaçaba reflete sua personalidade, calma, leve e direta, na arquitetura que projeta. 

Suas obras são sinônimo de poucos elementos, resultado de cálculos precisos, para que, com o mínimo, se alcance a máxima expressão, sem deixar de lado a funcionalidade.

Casa Varanda.
Casa Varanda. Fonte: Archdaily

O lugar é algo de extrema importância para a arquiteta. Como ponto de partida, o contexto é a raiz de seus projetos, que surgem como se pertencessem àquele local, ao mesmo tempo em que são leves e, muitas vezes, transparentes.

Tais transparências e reflexos servem para que o entorno possa entrar no construído, deixando fluir o exterior e o interior.

Capela do Vaticano em Veneza

Capela do Vaticano de Carla Juaçaba.
Capela do Vaticano em Veneza. Fonte: Designboom

Na 16ª edição da Bienal de Arquitetura de Veneza, que ocorreu em 2018 na especial cidade italiana, pela primeira vez aconteceu a participação do Vaticano. A cidade-estado convidou dez arquitetos para projetar capelas no espaço arborizado do jardim da ilha de San Giorgio Maggiore. 

Carla Juaçaba esteve entre esses ilustres convidados, alguns deles renomados e experientes arquitetos, como o português Eduardo Souto de Moura e o inglês Norman Foster

Inicialmente, os projetos foram pensados como construções temporárias, pois seriam desmontados passado o período de exposição da bienal; por isso a característica efêmera das capelas. Porém, alguns meses após o término do evento, os arquitetos foram informados de que as capelas permaneceriam no jardim de maneira permanente.

Carla Juaçaba, após tomar conhecimento disso, afirmou já ter realizado a obra dos sonhos: uma capela em Veneza; havia construído algo para sempre, em uma cidade em que tudo é temporário. 

Para a concepção do projeto, a arquiteta decidiu construir uma capela com o mínimo necessário. O lugar do projeto, um jardim nunca antes visitado, tinha um conjunto de vegetação único e a vista para a cidade ao fundo; condições belas e mágicas, segundo a arquiteta. 

Um conjunto de árvores formam uma espécie de cúpula natural, ou seja, a forma da capela já estava no lugar, e a arquiteta projetou somente os dois elementos que faltavam: um banco e uma cruz. 

Uma capela a céu aberto. A cruz e o banco são feitos de aço inoxidável polido. Eles refletem o entorno verde; a capela parece desaparecer entre as árvores; a cidade aparece ao fundo e serve de cenário para este espetáculo.

Casa em Santa Teresa

Casa em Santa Teresa.
Casa em Santa Teresa. Fonte: Archdaily

O bairro Santa Teresa, no Rio de Janeiro, é conhecido por suas ruas sinuosas, que contornam sua topografia montanhosa com vistas deslumbrantes para a cidade e suas praias. É neste contexto que se localiza a casa projetada por Carla Juaçaba.

A arquiteta aproveita o desnível do terreno e constrói a casa em dois planos horizontais que estão a alturas diferentes, facilitando a divisão dos espaços de convívio e estar da área mais íntima onde estão os dormitórios da casa.

A casa abre-se para a encosta, permitindo que o entorno verde penetre os espaços. Para o lado que faz frente à rua, a casa aparece em forma de uma discreta lanterna opaca.

Pavilhão Humanidade 2012

Pavilhão Humanidade de Carla Juaçaba.
Pavilhão Humanidade. Fonte: Archdaily

O Pavilhão Humanidade 2012 foi um edifício temporário para o encontro internacional Rio+20, a conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável.

Localizado em um terreno particular, de domínio militar, entre as praias de Copacabana e Ipanema, o local sedia normalmente vários eventos temporários na cidade. Para tais eventos comumente se utiliza uma estrutura de andaimes, que logo é coberta por uma tenda plástica, que abriga interiores climatizados.

Em se tratando de um evento cujo foco principal é a sustentabilidade, a arquiteta traz os andaimes para o projeto, porém de maneira não usual. Os objetos que normalmente seriam cobertos ou auxiliares são a estrutura da obra. Os andaimes passam a ser arquitetura, espaço expositivo, abrigo e percurso.

Gostou do conteúdo? Conheça a trajetória e carreira de outros arquitetos e urbanistas, confira a nossa série Biografia e Obras:

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Victória Baggio
Conteúdo criado por:Victória Baggio
Arquiteta com formação no Uruguai e Portugal, atualmente mestranda em projeto de arquitetura. Apaixonada pelo fazer e escrever sobre arquitetura.

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