Museu Afro Brasil – Que prédio é esse?
Por Thainá Neves
23 março 2023
O Museu Afro Brasil conserva extenso acervo de obras ligadas à cultura africana e, durante o ano todo, organiza marcantes eventos que reforçam a importância desta na construção do Brasil.
Como o próprio nome dá a entender, o objetivo do museu é promover o reconhecimento, a valorização e a contribuição dos afro-brasileiros para a formação da identidade nacional. No entanto, o espaço recebe mostras que contam histórias de diversas etnias que se conectam na construção da realidade brasileira.
A arquitetura do museu é uma obra de arte em si e possui conexão com as áreas verdes que integram o complexo arquitetônico do Parque Ibirapuera. Confira, a seguir, a história do Museu Afro Brasil e a sua importância para a cidade de São Paulo.
História do Museu Afro Brasil
Inaugurado em 2004, o início das atividades do Museu Afro Brasil foi possível por meio da coleção particular de Emanoel Araújo, o primeiro diretor e curador da instituição. Sendo assim, Emanoel cedeu 1100 peças para formar o acervo inicial da instituição.
O artista já colecionava vasta experiência quando propôs a criação desse espaço à prefeita Marta Suplicy. Como resultado, o museu se instalou no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, um espaço para que as culturas africana e afro-brasileira se expressem de inúmeras formas.
Emanoel Araújo e a criação do Museu Afro Brasil
Nascido na Bahia, Emanoel Araújo foi um premiado escultor, ilustrador, desenhista, cenógrafo, pintor, curador e museólogo. O artista dedicou grande parte de sua vida à valorização da temática afro-brasileira por meio de obras que possuem alto valor estético, significados políticos e sociais.
Além das 200 participações em exposições, como artista, Emanoel assumiu a direção de instituições como o Museu de Arte da Bahia e a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Da mesma forma, integrou a Comissão dos Museus e o Conselho Federal de Cultura instituídos pelo Ministério da Educação e Cultura.
Assim, com toda a experiência adquirida, Emanoel propôs a criação do museu que atualmente é referência em preservação da cultura afro-brasileira. O Museu Afro Brasil é o resultado de extensa pesquisa e de inúmeras exposições realizadas por mais de 20 anos.
O Museu Afro Brasil e as raízes culturais
O grande diferencial, segundo o próprio Emanoel Araújo, é que o museu foi idealizado exibindo “como negro quem negro foi e quem negro é no Brasil, de séculos passados aos dias atuais.”
Portanto, o espaço apresenta os fatos do ponto de vista do próprio povo, desde a história da escravidão até a luta pela liberdade e pela igualdade racial no Brasil.
Sem dúvida, o museu é uma oportunidade de mergulhar na riqueza e na diversidade da cultura afro-brasileira e um verdadeiro ponto de conexão com as origens.
Arquitetura do Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega
Inaugurado em 1953, o Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega foi utilizado pela prefeitura de São Paulo e, posteriormente, como uma extensão da Pinacoteca do Estado até se oficializar como parte do Museu Afro Brasil, em 2004.
O edifício compõe um conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os traços simples e, ao mesmo tempo, fortes revelam de início que o edifício foi projetado por um dos grandes nomes da arquitetura moderna.
Autor de outras belas obras que complementam o Parque Ibirapuera, Oscar Niemeyer desenhou o Pavilhão para se integrar às áreas verdes que o contornam. Conheça detalhes dessa arquitetura, bem como a distribuição dos espaços de exposições e eventos.
Estrutura do Museu Afro Brasil
Oscar Niemeyer sustentou o edifício sobre pilares que se distribuem em dois apoios, lembrando uma mão francesa. Como resultado, forma-se uma longa cobertura que é a continuação das áreas ajardinadas do parque.
O prédio do museu é composto por três pavimentos e uma área total de 11 mil metros quadrados. A estrutura é como uma grande caixa retangular apoiada em uma base mais estreita, o que garante espaços internos funcionais e amplos.
Enquanto as laterais menores não possuem janelas, as fachadas maiores são totalmente envidraçadas, permitindo sutil entrada de luz natural nas áreas de exposição. As características minimalistas da construção realçam os espaços abertos do parque, mantendo o foco nas imponentes árvores que a contornam.
Como resultado, o Museu Afro Brasil possui configuração bastante convidativa. A marquise, além de valorizar o convívio entre as pessoas, é também um espaço para eventos. Dessa forma, as manifestações artísticas não ficam restritas ao interior do edifício, mas se conectam com as áreas abertas do parque.
Esses mesmos espaços externos, da marquise, abrigam exposições que só podem ser apreciadas pelo lado de fora. Dessa forma, os eventos ultrapassam as paredes do museu, impactando, até mesmo, quem está passeando pelo parque.
Interior do Museu Afro Brasil
No interior do edifício, há rampas centrais que conectam os andares do museu. Além de ser o meio de acesso, as rampas configuram verdadeiras praças para apreciar as obras de outros ângulos.
No piso inferior e no piso térreo, concentram-se mostras temporárias de curta e média duração. Ao longo do ano, o espaço é reconfigurado de acordo com a exposição e com os eventos temáticos que recebe, por exemplo, no Dia da Consciência Negra.
Já o último pavimento abriga as exposições de longa duração, que acontecem com as obras do acervo do Museu Afro Brasil. Há seis núcleos: África: Diversidade e Permanência, Trabalho e Escravidão, As Religiões Afro-Brasileiras, O Sagrado e o Profano, História e Memória e Artes Plásticas: a Mão Afro Brasileira.
Toda essa distribuição das atividades no espaço torna a visita ao museu imersiva e bastante organizada. Assim, você pode conhecer os mais diversos aspectos da cultura afro-brasileira.
Teatro e Biblioteca do Museu Afro Brasil
Junto dos espaços de exposição, o Museu Afro Brasil conta com infraestrutura completa para apresentações e grande acervo de materiais literários.
Teatro Ruth de Souza
Com capacidade para 150 pessoas, o teatro Ruth de Souza é palco de eventos memoráveis como concertos, seminários, palestras, lançamentos de catálogos e de livros. Além de ser totalmente equipado com sistema multimídia e cabine para tradução simultânea, o espaço possui layout stadium, que é uma distribuição de assentos em andares.
Como resultado das constantes atividades oferecidas, o teatro está continuamente aberto para receber quem tenha interesse em participar.
Biblioteca Carolina Maria de Jesus
A biblioteca Carolina Maria de Jesus leva esse nome em homenagem à autora do livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960. Considerada uma das primeiras escritoras negras do Brasil, Maria de Jesus é uma figura bastante representativa para o gênero autobiográfico.
Nesse espaço, além de amplo suporte à pesquisa e à preservação, oferece oficinas e eventos periódicos, como contação de histórias. A coleção de títulos possui cerca de 10 mil itens, incluindo uma coleção especializada em escravidão, tráfico de escravos, abolição da escravatura, da América Latina, Caribe e Estados Unidos
A biblioteca possui funcionamento durante a semana, com entrada gratuita, e o catálogo de materiais disponibilizados no local pode ser consultado também no site.
Tanto a biblioteca Carolina Maria de Jesus como o teatro Ruth de Souza estão localizados no piso superior do Museu e se conectam aos outros pisos por meio da rampa principal e de uma escada.
Esses dois ambientes tornam o Museu Afro Brasil ainda mais completo, pois possibilitam mais espaços para difusão de conhecimento e trocas de experiências.
As artes afro-brasileiras
As manifestações artísticas da cultura afro-brasileira apresentam ampla variedade de estilos, técnicas e materiais. Assim, no Museu Afro Brasil as exposições se enquadram em três temáticas gerais: história, memória e arte.
Dentro de cada uma dessas classificações, as diferenças são valorizadas e apresentadas ao público, garantindo rico repertório, que vai do mais tradicional ao afrofuturista.
As obras do artista plástico Mestre Didi, por exemplo, são objetos que remetem aos rituais das religiões de matriz africana. A matéria-prima tem como base estruturas orgânicas e naturais, como madeira, couro e plantas no geral. Assim, a estética das exposições do artista passa a ideia de saberes ancestrais e confecção manual.
Já a exposição “O Negro no Futebol Brasileiro – A arte e os artistas”, que aconteceu em 2014, apresentou fotos e caricaturas de jogadores, além de instalações temáticas.
Abordagens contemporâneas como essa, e até mesmo futuristas, são tão importantes quanto as históricas para retratar a cultura afro-brasileira.
O Museu Afro Brasil segue com a sua missão de promover o reconhecimento, a valorização e a preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro. O Museu Afro Brasil é, portanto, um museu histórico que fala das origens e identifica na ancestralidade as inúmeras possibilidades para um futuro digno para todos.
Visite o Museu Afro Brasil
Aproveite a visita ao Parque Ibirapuera e conheça o Museu Afro Brasil! O espaço também conta com visitas guiadas para aprofundar ainda mais os seus conhecimentos a respeito das temáticas apresentadas pelo museu.
Localização: Av. Pedro Álvares Cabral | Parque Ibirapuera | Portão 10
Horário de visitação do Museu: de terça-feira a domingo, das 10h às 17h (permanência até as 18h).
Horário de funcionamento da Biblioteca: de terça-feira a sexta-feira, das 10h às 17h30, e aos sábados, das 10h às 14h, com entrada gratuita.
Ingresso: Inteira: R$ 15,00 // Meia-entrada: R$ 7,50, entrada grátis às quartas-feiras.
Telefone: (11) 3320 8900.
No site do próprio Museu Afro Brasil você encontra maiores informações a respeito das exposições em cartaz e dos eventos que acontecem periodicamente. Da mesma forma, é possível adquirir os ingressos para garantir a sua visita.
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