
Sesc Pompeia – Que prédio é esse?

Por Giovana Costa
26 março 2020
O centro de cultura e lazer Sesc Pompeia foi projetado pela arquiteta modernista ítalo-brasileira Lina Bo Bardi.
Responsável por notáveis projetos, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), a Casa de Vidro, o Teatro Oficina e o Museu de Arte da Bahia (MAM-BA), Lina instalou seu escritório na obra em 1977 e, por meio de muito planejamento, transformou o local em um espaço de convívio, cultura e lazer.
Sesc Pompeia
O Serviço Social do Comércio, também chamado de Sesc, é uma rede de complexos de cultura e lazer. Somente em São Paulo há 19 unidades, a maior parte delas concentrada na capital. É certamente um dos principais espaços de cultura do país.
Situado na Pompeia, o prédio possui um design muito específico e sua construção durou dez anos. A proposta inicial para a sua construção era uma arquitetura mais voltada para o método artesanal, exprimindo simplicidade e modéstia em cada parte do projeto.

Ao observar o prédio, é possível perceber que as janelas se destacam por seu formato diferenciado: buracos irregulares. Isso porque Lina se inspirou em cavernas pré-históricas, e a função das janelas é permitir diferentes visões da paisagem, além de produzir uma ventilação específica.
A primeira parte da unidade foi inaugurada em maio de 1982, porém o projeto foi idealizado seis anos antes, quando a arquiteta conheceu a fábrica de tambores dos irmãos Mauser, criada em meados de 1930.

Embora a ideia fosse criar um novo Centro Cultural e Desportivo, a estrutura original da fábrica foi mantida e reabilitada às novas funções. O Sesc Pompeia, portanto, foi construído com base nela. Somente em 1986 a área destinada aos esportes foi aberta para a visitação do público.
Formado por duas torres de concreto conectadas por oito passarelas, além de uma torre cilíndrica de 80 metros, a área chama a atenção pela grandiosidade de sua estrutura, moldada pelo engenheiro francês François Hennebique (1842-1921).
Espaços pensados
A preocupação de Lina era projetar toda a ambientação do espaço, incluindo o mobiliário, de maneira a estimular a convivência. Utilizando diferentes acabamentos e métodos construtivos, ela planejou o programa de ocupação, bem como as soluções arquitetônicas para instituir ambientes convidativos.
Partindo da ideia de criar espaços democráticos e acessíveis, a arquiteta optou por utilizar materiais resistentes e de fácil manutenção. Já a inspiração para cada local partiu de diversas referências.
O uso de paralelepípedos e tijolos foi uma escolha pensada para evocar a memória afetiva dos moradores da cidade. Por valorizar os materiais brasileiros, Lina utilizou muitos deles em inúmeros espaços do Sesc Pompeia. Os caquinhos de cerâmica colorida, por exemplo, cobrem o chão dos banheiros e foram inspirados em uma tradição popular brasileira de uso de materiais descartados.
Nas caixas-d’águas, foram usados estopas que possuem uma textura que lembra um bordado. De acordo com Lina, trata-se de uma homenagem ao arquiteto mexicano Luis Barragán e suas Torres Satélite, localizadas na cidade do México.
As galerias laterais do teatro, por sua vez, foram inspiradas no Teatro Elisabetano (século XVI) e na Maison du Peuple, projeto do arquiteto belga Victor Horta em Bruxelas (século XIX), locais com muita participação do público.

As mesas coletivas que compõem os espaços foram inspiradas nas mesas das antigas tabernas e choperias europeias. Sua criação é um estímulo para conversas e para o convívio social.
A área destinada à prática esportiva do Sesc Pompeia possui piscina, ginásio e quadras. Há também um grande deck/solarium com espelho-d’água e cachoeira, construído por causa da existência do córrego canalizado, chamado Córrego das Águas Pretas, que está entre as passarelas.
Além de salas equipadas para ginástica, luta e dança, há vestiário e ateliês de arte para aulas de cerâmica, pintura, marcenaria, tapeçaria, gravura e tipografia. Há também laboratório fotográfico, estúdio musical, teatro com 746 lugares, restaurante self-service, lanchonete e choperia (funciona somente à noite).
Biblioteca de lazer, espaço para jogos e atividades e galpão de exposições completam a programação.
Compartilhar, socializar e conviver

Lina decidiu trazer uma espécie de desafio por meio do projeto. No espaço chamado “Galpão de convivência”, a arquitetura é um convite para exercitar a tolerância, já que se trata de um espaço completamente democrático.
A ideia desse espaço é não hierarquizar nenhum usuário ou área presentes nele. A proposta é que sejam realizadas o maior número de atividades possíveis, simultaneamente (o que também inclui o ócio).
Ela chamou essa proposição de “solidão compartilhada”, a fim de contemplar um exercício de não isolamento em espaços arquitetônicos.
Programação do Sesc Pompeia

Muito movimentado, o Sesc Pompeia recebe, em média, 1,25 milhão de visitantes por ano e 5 mil pessoas por dia. Ótimos números levando em consideração que um dos pontos principais, de acordo com Lina, é a integração entre a população e a cidade.
O centro de cultura e lazer conta com cerca de 120 atrações musicais ou teatrais por mês.
Programação do Sesc Pompeia
A programação inclui espetáculos, shows, debates, mostras expositivas, oficinas de criatividade, rodas de conversa, aulas abertas, campeonatos de diversos esportes, atividades recreativas, dentre outras atividades.
Horário de funcionamento: Terça a sábado: 10h às 22h | Domingos e feriados: 10h às 19h
Endereço: Rua Clélia, 93, Pompeia, São Paulo | CEP: 05042-000
O que levar: Dinheiro ou cartão de débito/crédito para fazer compras. Smartphone ou máquina fotográfica para registrar o momento com várias fotos.
Telefone: (11) 3871-7700


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