Parque Eduardo Guinle: um exemplo único do modernismo carioca
Por Victória Baggio
15 fevereiro 2021
Além das famosas praias, o Rio de Janeiro conta com um conjunto de parques verdes especiais e uma arquitetura modernista com um toque carioca, o que faz a cidade ainda mais maravilhosa. O Parque Eduardo Guinle, conhecido como Parque Guinle, reúne história, natureza e arquitetura projetada pelo relevante arquiteto Lúcio Costa.
História do Parque Eduardo Guinle
Com uma área de aproximadamente 24.750 m², o Parque Guinle era, inicialmente, o jardim do palacete de Eduardo Guinle, família tradicional da elite financeira carioca, construído na década de 1920, ao lado do jardim.
O jardim foi projetado pelo paisagista francês Gérard Cochet e, posteriormente, recebeu uma intervenção de Roberto Burle Marx.
O parque passou ao governo federal em 1940 e, três anos depois, foi objeto de um plano urbanístico, desenvolvido pelo então diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), o arquiteto Lúcio Costa.
O projeto para a área consistiu em, primeiramente, tornar o jardim um parque público para o bairro e a cidade. Na lateral do parque, o arquiteto propôs um conjunto de seis edifícios residenciais, direcionados à elite carioca.
Burle Marx, que já vinha trabalhando em conjunto com Lúcio Costa, projetou tanto um novo paisagismo para a área do parque, quanto para os térreos dos edifícios, onde o verde e a arquitetura convivem em harmonia.
Entre 1948 e 1954, foram construídos os primeiros e únicos edifícios do projeto, permanecendo os outros três somente em projeto.
A arquitetura modernista carioca de Lúcio Costa
O conjunto de edifícios do Parque Guinle projetado por Lúcio Costa parte de um mesmo conceito e linguagem arquitetônica, com fortes diretrizes modernistas, que são complementadas com elementos tropicais.
Foram construídos os três primeiros edifícios do projeto: o Nova Cintra (1948), o Bristol (1950) e o Caledônia (1954). Construídos a partir de uma modulação ortogonal regular, os edifícios têm o térreo livre, com pilotis, como forma de resolver o declive do terreno.
Os térreos abertos possibilitam a entrada do verde nos edifícios, a vegetação exuberante que convive em harmonia com os pilares cilíndricos e as escadas escultóricas. A arquitetura em conjunto com a natureza parece convidar o pedestre que passa pela rua tranquila a entrar no edifício e disfrutar da paisagem.
O primeiro edifício construído, Nova Cintra, está implantado perpendicularmente em relação aos dois edifícios posteriores. Com frente para a rua Gago Coutinho, o edifício conta com um térreo comercial, com galerias em contato direto com a rua. Outras diferenças deste com o Bristol e o Caledônia, é o nível de pavimentos; o Nova Cintra é composto por sete pavimentos, enquanto os posteriores por apenas seis.
Os edifícios Bristol e Caledônia estão implantados dando frente ao parque, paralelos a este.
Os três edifícios apresentam uma linguagem nas fachadas bastante semelhante, a modulação ortogonal aparente é preenchida por fechamentos que ora compõem planos vazados de cobogós cerâmicos, ora são de painéis de brises com madeira pintada.
Assim, o edifício ganha fachadas completamente ventiladas, refrescando os espaços interiores e brindando-os de varandas. Para maior contato com o exterior e a entrada de luz natural, os planos de brises e cobogós são, às vezes, recortados por aberturas quadradas, que enquadram a vista da paisagem desde o interior dos apartamentos.
Cada edifício se caracteriza por uma cor, os brises verticais de madeira são pintados de rosa no Caledônia, de azul no Bristol e de amarelo no Nova Cintra. As três cores compartilham a característica pastel. Os três tons claros, em conjunto com a serenidade da natureza do entorno, dão ao complexo um caráter tranquilo, que permanece até os dias de hoje na área.
Outro aspecto modernista aparente nessa obra é a circulação vertical. O volume de escada aparece como um elemento outro no edifício, acoplada ao prisma retangular do prédio, que contrasta pela sua forma curva e pela transparência.
Parque Guinle hoje: o lugar perfeito para um passeio tranquilo
O Parque Guinle é um oásis na capital carioca. Ao entrar na área do parque e do complexo arquitetônico, já é possível perceber a tranquilidade que toma conta de todo o entorno.
Por estar situado num pequeno vale ao pé do morro Nova Cintra, o parque tem uma forma de anfiteatro. A pedra e o verde do morro, bem como a vegetação do entorno envolvem quem passeia pelo parque, como um abraço da natureza exuberante.
Atualmente conhecido como Palácio Laranjeiras, o palacete da família Guinle é a residência do Governador do Estado do Rio de Janeiro. Por isso, o parque é vigiado durante o dia e a região bastante segura.
Um imponente pórtico de acesso, em granito, com uma estátua de leão de cada lado, que emoldura e sustenta um histórico portão de ferro fundido, é o elemento que marca a entrada do parque.
O parque conta, além de área verde, com um córrego e pequenos lagos artificiais. O lugar perfeito para ir com um livro e aproveitar um momento calmo de leitura.
A diversão para as crianças também é garantida no Parque Guinle, pois, além de se divertir com possíveis animais nos lagos, elas podem brincar nos balanços, nas gangorras e em outros brinquedos na área de praça.
Para quem está se perguntando se pode visitar o parque com seu animal de estimação, a resposta é: claro que sim! Com certeza será um belo passeio.
A natureza e tranquilidade do Parque Guinle transborda o parque, estando presente em todo o bairro de Laranjeiras; ruas arborizadas, casas e edifícios residenciais antigos convivem com novos sofisticados empreendimentos, como o Open Gallery & Design, criando uma atmosfera ideal para viver com calma e bem-estar.
Visite o Parque Guinle
Endereço: rua Paulo César de Andrade, s/n, bairro Laranjeiras, Rio de Janeiro – RJ
Entrada gratuita
Mapa do Parque Guinle
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