Oscar Niemeyer – Biografia e obras
Por Thainá Neves
15 outubro 2020
Muito mais do que erguer edifícios, o arquiteto e urbanista Oscar Niemeyer participou da construção da história brasileira. Com seu desenho único e inconfundível, moldou cidades inteiras e criou obras icônicas que estão espalhadas por todo o mundo.
O arquiteto é muito reconhecido e admirado, de tal forma que 27 de suas obras são tombadas como patrimônio histórico e outras tantas se transformaram em verdadeiros pontos turísticos.
Seja pela plasticidade de suas construções, repletas de elementos surpreendentes, ou por sua forma leve de enxergar a vida, Niemeyer encantou inúmeras pessoas.
Biografia de Oscar Niemeyer
Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de dezembro de 1907, época em que a cidade maravilhosa recebia o título de Distrito Federal. Apaixonado por futebol, cresceu e viveu parte de sua juventude tranquilamente no bairro das Laranjeiras.
Em 1928, ano em que concluiu a escola regular, casou-se com Anita Baldo, filha de imigrantes italianos, com quem teve sua filha Anna Maria Niemeyer. Da mesma forma, Anna seguiu os passos do pai pelos caminhos da arquitetura.
Desde cedo, Oscar demonstrou gosto pelo desenho, mas sua história na arquitetura começou, de fato, quando entrou para a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e recebeu seu diploma de engenheiro arquiteto, em 1934.
Enquanto estudante, Oscar Niemeyer estagiou no escritório de Lúcio Costa, que o descreveu como uma pessoa excepcionalmente dotada.
A injustiça social sempre o inquietou e, por isso, acreditava que a arquitetura deve evoluir em função da técnica e dos problemas sociais. Esse incômodo fez de Niemeyer um ativista político e mais tarde, em 1940, filiou-se ao Partido Comunista.
Viveu por 104 anos e até os últimos anos de sua existência permaneceu dedicado a fazer arquitetura para transformação da realidade.
Arquitetura é obra de arte
Oscar Niemeyer sempre dizia que sua arquitetura era simples e, de fato, os materiais que utilizava para projetar, como o concreto, são comuns nas construções brasileiras. O diferencial de seu trabalho está no desenho de formas nunca antes experimentadas, que exigem o uso da potencialidade máxima do concreto.
“A característica principal de uma obra de arte é o espanto, é a surpresa. Isso que é importante. E na arquitetura é igual. É o espetáculo arquitetural.” (Oscar Niemeyer)
Seus projetos podem ser, ao mesmo tempo, monumentais e muito acolhedores, isso porque Oscar Niemeyer tinha a noção exata da relação entre o homem e a construção.
Ao finalizar a criação de um projeto, Niemeyer escrevia explicações para tudo o que havia desenvolvido. Se a explicação não lhe parecia boa, voltava para o desenho e continuava criando. Nesse exercício, procurava criar projetos que fossem, acima de tudo, entendidos pelas pessoas, do leigo ao profissional da construção civil.
A Obra do Berço foi seu primeiro projeto construído e, depois dele, seu caminho foi marcado por construções únicas em todo o país e no mundo. Dentre elas, o Edifício Copan, o Edifício Niemeyer, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha e a construção de Brasília, sem dúvida um de seus feitos mais conhecidos, que contempla edifícios públicos, privados e belas catedrais.
A construção de Brasília
Oscar Niemeyer executou o plano piloto ao lado do urbanista Lúcio Costa, que foi quem propôs toda a setorização de Brasília, incluindo o icônico formato de cruz com eixo arqueado e as largas avenidas.
A ideia era construir uma capital com a finalidade de refletir todo o progresso econômico e o desenvolvimento pelo qual o país passava.
Dentre os edifícios que Niemeyer projetou em Brasília, o Congresso Nacional foi um de seus preferidos, principalmente por causa da relação com a praça. A construção criou uma visão permeável, não bloqueou a paisagem do entorno e, segundo o arquiteto, “é perfeito como arquitetura, é simples apesar de ser complexo.”
Outro importante edifício é a Catedral de Brasília, de tal forma que se tornou um verdadeiro ponto turístico. Nela, é o jogo de luz e sombra que encanta, o contraste entre a passagem escura e a nave completamente banhada pelos raios do dia iluminando os belos vitrais.
Além desses edifícios, Niemeyer projetou também o Supremo Tribunal Federal, o Palácio da Alvorada, o Palácio do Itamaraty e o Palácio do Planalto, que tem como marca registrada os pilares que se conectam à laje.
Casa das Canoas
Projetada e construída para ser a residência do próprio Oscar Niemeyer, no Rio de Janeiro, a Casa das Canoas possui uma arquitetura orgânica que une a natureza externa ao ambiente interno por meio de paredes envidraçadas. Isso acontece sobretudo na área social, que fica no ponto mais alto do terreno acidentado, de onde é possível ver o mar.
A cobertura leve e curvilínea parece flutuar e acentua a natureza local, que sem dúvida, é a grande protagonista do projeto. Complementando a fluidez de toda a construção estão as esculturas de Alfredo Ceschiatti, que representam ondulações de corpos femininos.
A casa ficou pronta em 1953, e o arquiteto viveu na residência por cerca de seis anos com sua família. Em seguida mudou-se para Brasília, para o início da construção da cidade.
Parque Ibirapuera
O projeto elaborado pelo arquiteto é composto de cinco edifícios inaugurados em 1954, exceto o Auditório, que foi construído depois. Cada uma das construções carrega singularidades e função própria.
A Oca é uma grande cúpula destinada a exposições, o Auditório Oscar Niemeyer possui formato de trapézio e se parece como uma escultura pousada no chão. O Pavilhão que abriga a Bienal de São Paulo possui rampas internas curvas e pilares que nascem do chão como árvores, em contraste com os pilares do Pavilhão das Culturas Brasileiras, que têm formato em “V.”
Todas essas linguagens são completadas pela marquise, uma espécie de cobertura que abriga da chuva e do sol. Uma vez que esse espaço inspira a liberdade de uso, essa cobertura tornou-se um ponto de encontro e de eventos muito apreciado pelos frequentadores do Parque.
Sede do Partido Comunista Francês
Construída entre 1967 e 1980, essa obra é muito representativa da fase em que o arquiteto exilou-se na França por conta da ditadura militar que controlou o poder no Brasil.
Do nível da rua é possível ver o edifício envidraçado de escritórios e a cobertura do auditório que surge do chão. O subsolo dessas construções é conectado e abriga vários espaços.
Fica evidente que a curva, algo natural e essencial em grande parte do trabalho de Oscar Niemeyer, está presente mesmo em seus projetos internacionais. Da mesma forma, a paisagem é também objeto a ser moldado; o espaço construído e o espaço livre, do jardim, complementam-se e equilibram-se.
O legado do mestre
A trajetória de Oscar Niemeyer entrelaça-se de maneira muito natural à história do país. Isso porque, além de suas obras representarem um momento de mudança, onde o desenvolvimento rápido marca o Brasil, são muito expressivas e bonitas.
A vontade de trazer o novo e de tornar real o que nunca antes foi pensado fizeram de Oscar Niemeyer, inegavelmente, um dos maiores arquitetos da modernidade.
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