Casa Paraty – Que prédio é esse?
Por Victória Baggio
23 fevereiro 2022
Lugares onde a beleza natural é exuberante, com floresta tropical e vistas deslumbrantes para o litoral é algo que podemos encontrar em diversas regiões do Brasil. Porém, ter o privilégio de estar confortável, em um espaço que ampare as necessidades e surpreenda, ao proporcionar habitar o natural de maneira contemporânea e com cuidado ao meio ambiente é algo raro.
O projeto Casa Paraty, premiado não por acaso, oferece exatamente isso, em uma residência de luxo rodeada de mata atlântica.
Habitar o natural é algo tão complexo quanto surpreendente, requer um olhar e um modo de instalar o artifício cuidadoso com o lugar e sua vida própria, mas que, quando benfeito, resulta em ambientes de qualidade espacial, térmica e acústica únicos, além de visuais jamais apreciados.
A arquitetura tem o poder de proporcionar novas perspectivas, vistas que se fazem possíveis a partir de andares e janelas. Porém, quando se trata de um entorno natural de tamanha riqueza, a construção também pode gerar problemas, como desmatamento e mudança de um ecossistema.
O projeto da Casa Paraty realizado pelo renomado Studio MK27, dirigido por Marcio Kogan, foi feito com todo o cuidado que o entorno merece, valorizando-o. A qualidade do projeto e sua materialização impecável levou-o a premiações dentro e fora do País, como o prêmio de arquitetura do IAB-SP, também como na categoria Best New Private, da revista inglesa Wallpaper, além do Leaf Awards e do International Property Awards.
Construída em 2009, a Casa Paraty foi uma das principais portas para uma internacionalização do MK27, graças à sua vasta publicação em importantes plataformas de arquitetura pelo mundo.
Studio MK27
Os anos passam e o legado da arquitetura modernista brasileira segue vivo tanto através das obras construídas na época quanto nas mais recentes, através de novas interpretações.
O Studio MK27 é um claro exemplo de um escritório de arquitetura brasileiro contemporâneo que tem como base os conceitos do Modernismo próprio do País e utiliza-o como principal referência nos projetos.
Materiais, como concreto armado, a vista, sem revestimentos, linhas geométricas simples e horizontalidade, uso de elementos propriamente brasileiros, como o cobogó, são algumas das características que se fazem presentes no conjunto da obra do Studio Mk27, também como na Casa Paraty.
Fundado pelo arquiteto paulista Marcio Kogan, no final dos anos 70, o Studio MK27, situado em São Paulo, compõe um grupo com mais de 30 arquitetos e colaboradores pelo mundo. A obra do escritório é conhecida pelas linhas puras, pela integração entre interior e exterior, e por um cuidado minucioso para os detalhes construtivos e acabamentos.
Residências de luxo em lugares paradisíacos no Brasil e não só, além de casas urbanas, hotéis e resorts compõem o portfólio do Studio MK27, que já recebeu mais de 250 prêmios internacionais e nacionais, tais como IAB, Bienal de Arquitetura de São Paulo e de Buenos Aires, Architectural Review, Wallpaper Design Awards e Prix Versailles.
A Casa Paraty, embora tenha autoria de Marcio Kogan, foi um projeto realizado por uma equipe composta por vários profissionais do Studio MK27 e colaboradores externos. A obra tem como coautora a arquiteta Suzana Glogowski, uma das diretoras do escritório, e o design de interiores por Diana Radomysler, da equipe do Studio.
O paisagismo da casa é projeto de Gil Fialho. O cálculo estrutural esteve a cargo da empresa SF Engenharia. A obra da residência foi realizada pela construtora Lock Engenharia.
A arquitetura da Casa Paraty
“Chegando de barco na praia onde fica a Casa Paraty, a arquitetura demora a surgir no meio da densa mata. Esse aspecto é dificilmente representado pelas fotografias. Ao mesmo tempo em que a arquitetura busca se afastar da natureza como um gesto artificial, ela se torna parte da paisagem.”
A interpretação de Gabriel Kogan, filho de Marcio Kogan, define precisamente o conceito materializado na arquitetura da Casa Paraty, que parece querer se esconder entre a mata enquanto gera uma nova paisagem, no encontro do concreto e da vegetação envolvente.
O projeto parte de dois volumes prismáticos de linhas horizontais, encaixados na topografia acidentada, de maneira que o volume inferior e perto da praia tende a buscar o mar, enquanto o superior parece recuar-se no interior da mata. A distinção programática da residência se divide entre os dois volumes: o social, que faz frente à piscina; e o privado, mais resguardado.
A conexão entre os dois prismas é feita por um único pilar, exposto em um andar entre os volumes, encapsulado por um espaço de vidro de piso a teto, que organiza a circulação vertical da casa, além de ser um importante componente estrutural.
O esquema aparentemente simples, de prismas puros de concreto armado aparente, revela um cálculo estrutural sofisticado, que inclui um balanço de 8 metros e 27 metros de vão livre.
Desde a praia, que é também o acesso à Casa Paraty, a qual só se chega de barco, vislumbra-se uma base de pedra baixa, onde estão a piscina e as espreguiçadeiras, e o volume social, onde living e sala de jantar se fazem vistos de ponta a ponta, devido ao fechamento de vidro que percorre toda a fachada.
A piscina de borda infinita em frente ao mar o aproxima ainda mais da casa, o oceano e o construído se fundem em um só plano azul translúcido. Um espaço de atmosfera tranquila, para estar em contato com o natural, aparado por toda a infraestrutura contemporânea desejada.
O prisma superior, de modo semelhante ao anterior, reflete o programa íntimo na fachada, que, ao contrário da transparência dos espaços compartilhados, recebe um sistema de painéis retráteis de gravetos de eucaliptos, que protegem os dormitórios do sol e brindam com privacidade os espaços interiores.
Além disso, os quartos ganham ainda mais privacidade e contato com a natureza envolvente através de pátios voltados para a montanha.
Ambas as coberturas da Casa Paraty são também generosos terraços mirantes, que possibilitam novas perspectivas visuais para o litoral e para a mata. Além disso, esses espaços funcionam como jardim de plantas medicinais e ervas comestíveis.
Os interiores da Casa Paraty servem de palco para uma variedade de móveis modernos e contemporâneos, desenhados por importantes arquitetos e designers brasileiros, como Lina Bo Bardi e Sérgio Rodrigues, além de internacionais como Luís Barragan e George Nakashima.
As belezas de Paraty, no Rio de Janeiro
Segundo lendas locais, as regiões de Paraty e Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, compõem um conjunto de 365 ilhas, uma para cada dia do ano, é em uma destas ilhas que se encontra a Casa Paraty, uma residência de luxo escondida entre a mata atlântica.
Paraty apresenta uma característica única: une história, cidade colonial e natureza exuberante e preservada de florestas tropicais e praias de águas cristalinas, compondo uma atmosfera boêmia e tranquila.
A Casa Paraty coloca em evidência, de maneira radical, a relação entre homem e natureza, através de um novo artifício que se instala no natural e é envolvido por este.
Localização da Casa Paraty
A Casa Paraty fica localizada na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro.
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